Acabou o drama dos indecisos, pelo menos na hora de comer. Os restaurantes de menu único estão aportando no Brasil, com apenas uma opção de entrada e prato principal. As vedetes são as casas de entrecôte, em que basta sentar e esperar a saladinha enquanto explica ao garçom como prefere o ponto da carne. O cardápio é uma aposta certeira para o paladar brasileiro: corte macio do contrafilé com o molho da casa, cercado de batatas fritas sequinhas. “Passamos meses com a dúvida se o menu único poderia dar certo no Brasil. O movimento da casa acabou nos surpreendendo”, diz Edson D’Aguano, um dos sócios da L’Entrecôte de Ma Tante, pioneira em São Paulo.

As casas de entrecôte, corte francês tradicional tirado do contrafilé, são uma espécie de precursores do fast- food. O primeiro foi o Relais de Venise, aberto em 1959 em Paris, com a ideia de oferecer apenas a salada verde com nozes e o filé com fritas para simplificar e acelerar o serviço. Não só fez sucesso como o restaurante espalhou filiais na capital francesa, em Londres, Barcelona e, em Nova York, há uma recém-inaugurada. Aberto há três semanas, o L’Entrecôte de Paris, em São Paulo, segue o mesmo conceito. “Há cerca de 40 casas com esse modelo pelo mundo”, afirma Gustavo Bernardes, um dos sócios.

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IGUAL Entrecôte de Paris: porção de 200 gramas de carne, fritas à vontade e molho secreto

No Entrecôte de Ma Tante, de Olivier Anquier, a receita é familiar. “Não era minha mãe quem fazia o entrecôte”, admite o padeiro. “O oficial é o da minha tia, na família há quatro gerações.” Feito de dezenas de ingredientes, o molho chega pronto ao restaurante, e nem mesmo a brigada de cozinha conhece exatamente o preparo. A variedade fica por conta das sobremesas, como os clássicos creme brulée, profiteroles, mousse de chocolate e tarte tatin.

Bem antes da onda do entrecôte, outros restaurantes já haviam garantido a clientela com pratos regionais. Em Olinda, a Casa da Noca começou servindo mandioca com carne de sol e queijo coalho há 30 anos, para estudantes de uma faculdade próxima, e a fama se espalhou. A casa tentou incluir outros pratos no menu, sem sucesso. “Não adianta, o pessoal só quer a macaxeira”, diz Eraldo Pereira Leite, dono do restaurante. No Abendbrothaus, em Blumenau, a estrela é o marreco recheado, que vem com uma farta lista de acompanhamentos: purê de maçã, mandioca frita, língua ensopada, purê e salada de batatas, repolho roxo, chucrute e arroz. Josefa Jansen abre a cozinha da casa apenas aos domingos, há 22 anos. “Sempre servindo só o marreco”, orgulha-se.

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