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Os integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira aprovaram nesta quinta-feira (17) dois requerimentos que pedem o fim do segredo de Justiça sobre os inquéritos das operações Vegas e Monte Carlo.

O pedido será encaminhado ao ministro Ricardo Lewandowski, relator do processo no Supremo Tribunal Federal (STF), e à 11ª Vara Federal de Goiânia, responsável pela posse dos documentos da operação Vegas. Os pedidos foram apresentados com a justificativa de que os dados já são de conhecimento público, tendo em vista que vazaram pela imprensa.

O presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), afirmou no início da sessão administrativa de hoje que pretende apreciar cerca de 70 dos 200 requerimentos apresentados à comissão. A maioria, ainda de acordo com Vital, refere-se às quebras de sigilo fiscal e financeiro de envolvidos no suposto esquema comandado por Cachoeira, inclusive dados relativos ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).

"Se não produzirmos hoje esse material que a presidência está propondo colocar em votação, não teremos o que investigar a partir de amanhã", disse Vital.

Carlinhos Cachoeira 

Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram contatos entre Cachoeira e o senador democrata Demóstenes Torres (GO). Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais.

Nos dias seguintes, reportagens dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo afirmaram, respectivamente, que o grupo de Cachoeira forneceu telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, e que o senador pediu ao empresário que lhe emprestasse R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo. Na conversa, o democrata ainda vazou informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes.

Pressionado, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado em 27 de março. No dia seguinte, o Psol representou contra o parlamentar no Conselho de Ética e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski autorizou a quebra de seu sigilo bancário.

O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido havia decidido abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda, encerrando a investigação interna. Mas as denúncias só aumentaram e começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas.

Após a publicação de suspeitas de que a construtora Delta, maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos, faça parte do esquema de Cachoeira, a empresa anunciou a demissão de um funcionário e uma auditoria. O vazamento das conversas apontam encontros de Cachoeira também com os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. Em 19 de abril, o Congresso criou a CPI mista do Cachoeira.