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HISTÓRIA
O leilão antecede a segunda grande reforma do hotel fundado em 1923,
que já hospedou reis, chefes de Estado e astros internacionais

O Copacabana Palace, hotel mais famoso do Brasil localizado na praia que lhe dá o nome, na zona sul do Rio de Janeiro, fará um leilão de mais de 300 peças que compõem a decoração dos quartos do seu prédio principal. O bazar de alto nível, o segundo da história do Copa, antecederá a segunda grande reforma do hotel construído em 1923, que já recebeu as maiores estrelas do mundo artístico, chefes de Estado, reis e rainhas. Estimada em R$ 30 milhões, a obra vai modificar a decoração de 60 apartamentos e 90 banheiros, ampliar o lobby em 60% e melhorar o acesso de deficientes físicos. Nos dias 30 de junho, 1º e 2 de julho, mesas, cabeceiras, escrivaninhas, cadeiras, sofás, cômodas, tapetes, abajures e gravuras estarão expostos nos salões do suntuoso hotel para quem quiser e – puder – arrematar no dia 3 de julho. Estarão lá a cama em que Mick Jagger dormiu, o espelho que a princesa Diana usou para se arrumar, a cômoda que recebeu os acessórios da atriz Ava Gardner e um abajur que, em 1942, iluminou o quarto para Orson Welles, entre outras preciosidades.

As peças que serão leiloadas ainda não foram catalogadas, nem o leiloeiro definido. Ainda assim, com dois meses de antecedência, o evento agita a alta sociedade. “Tem gente do país inteiro ligando atrás de informação. Gerentes de hotéis próximos também querem saber a data correta para informar os interessados em fazer reserva para vir”, diz Cláudia Fialho, gerente de relações públicas do Copa. O valor intrínseco dos móveis não é o único atrativo. O fato de pertencerem ao mais prestigiado hotel brasileiro e poderem ter sido usados por personalidades mundiais é ainda mais relevante. “A mesa que Orson Welles usou para escrever uma carta para Rita Hayworth, por exemplo. Com uma foto dele ao lado da mesa, o objeto vai ganhar um valor histórico que pouco terá a ver com seu valor intrínseco”, afirma o jornalista Ricardo Boechat, autor do livro “Copacabana Palace 85 Anos: um Hotel e sua História”.

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É a segunda vez que o Copacabana Palace realiza um le ilão de móveis para troca de decoração. O primeiro, em 2005, foi de 589 itens, quando o hotel fez uma ampla reforma no prédio anexo. Essa será a segunda grande alteração do prédio principal, mas ao longo de seus quase 90 anos, o hotel passou por inúmeras mudanças parciais, que incluíram troca de mobiliário. Assim, da decoração original, sobraram poucas peças. Elas estão principalmente no lobby, nos corredores, na sala de leitura e nos salões do segundo andar. “Não dá para afirmar que serão móveis de época, mas eles devem ter uns 50 anos de história. E, claro, seguem o estilo do Copa”, diz Boechat. O responsável pela nova decoração é o francês Michel Jouannet, que assina também a de outros hotéis do grupo Orient Express, proprietário do Copacabana Palace desde 1989. “Ele não vai mudar a decoração drasticamente. Ela será renovada, mas mantendo o estilo clássico”, afirma Cláudia Fialho.

A organização do leilão não divulgará quem usou esse ou aquele móvel. Dirá apenas que no prédio de onde sairão as peças já morou o cantor Mario Reis, já se hospedaram Mohammed VI, o rei do Marrocos, o estilista Valentino e o ator Will Smith, só para citar alguns nomes. Na edição anterior, no entanto, foram colocadas fotos das personalidades no hotel ao lado de alguns móveis. “Arrematei a cama onde dormiu a Carmen Miranda e também pequenas coisas, como duas mesinhas de cabeceira”, diz Boechat, que teve a ideia de fazer o primeiro leilão ao saber que o hotel venderia a mobília como atacado. Acabou também ajudando a elaborar o catálogo das peças. A dica dele é pesquisar fotos publicadas em revistas e jornais de personalidades em seus quartos no Copa. “De repente, em uma foto do Mick Jagger, você identifica uma poltrona que está ali exposta. Aí é muito mais saboroso”, diz.

Os organizadores ainda não divulgaram o preço inicial de cada peça. O hotel diz somente que os valores não serão absurdos. A ideia do Copacabana Palace com a venda dos móveis é, além de gerar receita, permitir que as pessoas possam levar a memória do hotel para sua casa. Até mesmo para os que um dia já foram donos do local. No primeiro leilão, por exemplo, um dos maiores compradores foi o empresário Luiz Eduardo Guinle, filho de Octávio Guinle, fundador do hotel, acompanhado da filha, a atriz Guilhermina Guinle.