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Aqueles astros que enfileiravam blockbusters, em geral apoiados unicamente no carisma, estão em extinção. Os galãs de hoje querem ser reconhecidos como atores. À exceção de Tom Cruise e Will Smith, gente como Brad Pitt e Leonardo DiCaprio não tem emendado superproduções. Pelo contrário: esses filmes, feitos para arrebentarem nas bilheterias, costumam ser as exceções de suas carreiras. O exemplo mais recente é o de Matt Damon, o homem com melhor custo-benefício do mercado. Segundo a revista Forbes, ele rende US$ 29 para cada US$ 1 investido. Tudo por causa de Jason Bourne, o agente secreto com amnésia que chega a sua terceira aventura em O ultimato Bourne – a trilogia já arrecadou US$ 1 bilhão no mundo todo. Antes de topar interpretá-lo, Damon era um ator conceituado que tinha trabalhado com Francis Ford Coppola e Steven Spielberg. Causou surpresa, portanto, sua escolha para estrelar um filme de ação, A identidade Bourne. Ele admite que o sucesso inesperado do longa salvou sua carreira. "Eu não tive uma oferta de cinema em mais de seis meses porque alguns dos meus filmes foram fracassos", conta ele. "Na segunda-feira após o lançamento de A identidade Bourne, recebi algo como 20 ou 30 convites."

Mesmo que relutem em fazer os tais blockbusters, os galãs se beneficiam deles para inflar seus nomes, seus salários – Damon recebeu US$ 26 milhões por A supremacia Bourne, o segundo filme da série – e o poder de financiar as produções que lhes interessam. "É fácil escolher projetos que você acha que não irão bem de bilheteria se você tem um filme como Bourne na manga", afirma Matt Damon, referindo-se a Syriana e O bom pastor. Esse novo tipo de astro sabe das vantagens de ter o nome no alto das superproduções. Mas faz charme e lista alguns pré-requisitos na hora de firmar contrato. O diretor deve ser bacana, como era o caso de Doug Liman no primeiro Bourne e de Paul Greengrass no segundo e no terceiro. E, de preferência, o filme deve ir além da combinação correria-pancadaria- cenas de ação espetaculares.

Damon não é o único a pensar dessa forma. Seu amigo Brad Pitt, por exemplo, tem feito muitos títulos como Babel e poucos como Tróia. Leonardo DiCaprio também não se contenta em ser o astro que a indústria espera. Após Titanic, ele investiu em papéis que pudessem lhe render prestígio, como os três filmes com Martin Scorsese e o recente Diamante de sangue, drama de ação com fundo político. Já que os astros não estão dando mole para a indústria, o jeito é tentar encontrar caras novas. Superman – o filme contou com um estreante, Brandon Routh, e o novo Batman ficou com o elogiado Christian Bale. Antes de ser selecionado para Homem-Aranha, Tobey Maguire tinha emprestado sua cara de moleque ingênuo a alguns dramas. Seu salário saltou de US$ 4 milhões no primeiro título para US$ 17 milhões no terceiro.

Maguire não parece muito animado para fazer um quarto longa – nem preocupado com os resultados de público. "O mais importante é fazer um bom filme, porque tenho orgulho dele, não importa quão bem-sucedido ele seja." A postura de Will Smith é uma exceção. Ele carrega gente ao cinema apenas pela força de seu nome, mas procura não decepcionar seu público. Tanto que, depois de fazer o drama À procura da felicidade, vai emendar uma ficção científica, uma ação e uma comédia. Smith declara que prefere uma grande bilheteria a um Oscar na estante – ainda que tenha feito suas tentativas de levar a estatueta dourada. É dos poucos.

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