CARTAZ-04-IE-2216.jpg

Vem através dos séculos, desde os tempos de Hipócrates quando na medicina o humor era relacionado à cor da bílis, uma apaixonante indagação: é o ambiente que faz de alguém um psicopata ou são os próprios fatores neurobiológicos constitucionais do indivíduo? Hoje, na moderna era da neurociência, sabe-se que o ambiente é somente, e tão somente, um modulador na formação da personalidade. Como dizia Machado de Assis: “A ocasião faz o roubo, o ladrão nasce pronto.” O filme “Precisamos Falar sobre o Kevin” é uma estonteante, mas clara aula sobre o tema. É neurociência pura e isenta, até porque constrói para o personagem Kevin um ambiente no qual seus pais erram e acertam – nada diferente do que na vida real. Quando perdem a paciência com Kevin, a culpa é dos pais ou eles chegaram ao limite dessa paciência? Eis a chave do filme a explicar um dos fatores indicativos de que o Kevin adolescente se tornaria um adulto com transtorno de personalidade antissocial. Ele coleciona vírus de computador e a mãe lhe pergunta: “Qual o propósito?” A resposta é acachapante: “Precisa de um propósito? Colecioná-los é o propósito.” A atuação de Tilda Swinton (Eva, a mãe) é brilhante; o filme, uma aula de psiquiatria.

DVD_kevin.jpg