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ASSUNTOS VARIADOS
De turismo a cinema e gastronomia: diversidade inesgotável

Um tipo de publicação que nos últimos anos adquirira uma conotação nostálgica ganha fôlego renovado a ponto de concorrer com romances e biografias na preferência do público. Trata-se dos almanaques, hoje editados com luxo e belo acabamento visual.
A onda, iniciada há cinco anos, está atingindo o seu ápice e registra pelo menos um lançamento por mês. Segundo índices do mercado editorial, a produção desse gênero de livros aumentou em 70% graças a uma alteração substancial: hoje os almanaques e guias abandonaram os assuntos gerais em favor de um tema central, analisado sob diversos aspectos. Tem-se, dessa forma, o almanaque dos quadrinhos, dos desenhos animados, das telenovelas, do futebol e assim por diante, numa lista sem fim.

A variedade de assuntos é inesgotável. De “O Guia Politicamente Incorreto na Filosofia”, tratando de lugares-comuns do pensamento ocidental, a “O Estranho Mundo de Tim Burton”, sobre o estilo do diretor de “Alice no País das Maravilhas” – só para ficarmos em dois lançamentos recentes. E não há tema que não caiba no formato. O “Almanaque Crepúsculo”, por exemplo, com curiosidades sobre a saga vampiresca, atingiu 50 mil exemplares vendidos, marca dez vezes superior ao limite para se tornar um best seller. Para o editor Pascoal Soto, da LeYa – uma das editoras que vêm investindo nesse segmento –, os almanaques ilustrados conquistaram tanto espaço por estarem sintonizados com a linguagem da internet: “Eles aliam a apresentação visual com textos rápidos e enxutos”, diz Soto.

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Assim que percebeu o aumento na procura por esse tipo de literatura, Erivan Soares, gerente da livraria Martins Fontes Paulista, em São Paulo, abriu um espaço especial em sua loja:“A vantagem dos almanaques é que eles abrangem um público geral, desde clientes que leem algo mais teórico, como filosofia ou psicologia, até um público jovem.” Muitos deles, inclusive, não trazem o tradicional nome na capa e invadiram a seara dos guias turísticos ou gastronômicos. Um segmento que já é sucesso é a série “1001” (inclui “1001 Lugares Para se Conhecer Antes de Morrer”), que já vendeu 600 mil exemplares. Todos eles desempenham, segundo Soto, uma das principais funções de um almanaque: “Ser a porta de entrada para uma abordagem mais profunda sobre grandes temas.” A outra é a de deixar o leitor com aquele ar de quem conhece quase tudo sobre determinado assunto.