Um país que acha razoável que o passado seja simultaneamente incerto e cheio de glórias, e o futuro um nome próprio cheio de paz, tem sempre uma vantagem sobre o resto do mundo: o Otimismo.

Marcando mais um ano impactado pelo Covid-19, as pessoas estão ansiosas pelo que o ano de novo possa trazer ao Brasil, mas no meio de tanto otimismo, as preocupações são uma constante, e 2022 vai dar muito “samba”, mesmo sem ter carnaval.

Na política — tem eleição; na festa — tem bicentenário; no ambiente — tem Amazonas; no aumento dos preços — tem inflação; e com a pandemia também — pois se a maioria espera maiores taxas de vacinação, a metade espera o aparecimento de uma nova cepa mortal.

É verdade que as eleições em outubro são um perigo porque prometem dividir os brasileiros como nunca aconteceu até hoje, mas o otimismo é maior e ele dita que o que une todos é mais forte, mesmo que às vezes não pareça.

A gente adivinha aquele ambiente de campanha eleitoral, com muitos discursos inflamados e decisões que alguns dizem desastrosas na área económica — como o maior banco do Brasil até já veio prever — mas também não seria legítimo, nem sensato, que os políticos atualmente no poder não procurassem se manter.

É por isso que a estatística é sempre pior que a fé, mesmo que seja mais exata. E o otimismo é sempre melhor que a verdade, mesmo que ela seja boa.

O otimismo é a arte de enxergar borboletas onde todos só vêem lagartas. Tomando o assunto mais importante do momento, a vacinação, isto mesmo é o que comprova um estudo internacional da Ipsos — feito em 33 países — quando explica que mais da metade das pessoas (56%) acredita que mais de 80% da população mundial receberá pelo menos uma dose de vacina Covid-19 em 2022.

E são os latino-americanos — apesar das maiores dificuldades, os maiores otimistas — 81% no Peru, 76% no Brasil, e 69% no Chile. Na Europa, onde tudo são euros e dólares os números despencam — 42% na França, 38% na Suíça e 33% na Alemanha.

O mesmo acontece com a expectativa de regresso à vida normal — nove em cada dez (87%) chineses dizem que é provável que isso aconteça em 2022 e na América do Sul as pessoas têm expectativas semelhantes, com quatro em cinco (78%) na Argentina, no Brasil e Colômbia também esperam que o centro de suas cidades esteja novamente ocupado.

Quem sabe tudo mesmo é o “mister” do meu time quando fala que só faz “previsões no fim da partida”. E não esqueça o mundo pertence aos otimistas: os pessimistas são meros espectadores. Pecado mesmo, é não ter esperança.