08/01/2020 - 16:48
SÃO PAULO, 8 JAN (ANSA) – Por Beatriz Farrugia – O papa Francisco completará sete anos à frente da Igreja Católica no próximo dia 13 de março, mas 2020 pode ser o ano mais desafiador do seu Pontificado até agora. Nos próximos meses, a Igreja passará por uma série de acontecimentos capazes de redefinir tanto seu papel no mundo quanto suas estruturas internas. O primeiro deles acontecerá amanhã (9), quando Jorge Mario Bergoglio receberá em audiência o corpo diplomático junto à Santa Sé. Apesar do encontro ser anual, desta vez ocorrerá em meio a um clima de tensão política no Oriente Médio e episódios de incêndios florestais pelo mundo, temas que dizem respeito aos constantes apelos de paz e de preservação ambiental presentes na agenda de Francisco. Já em março, a Santa Sé pode concluir um projeto chamado de “A Economia de Francisco”, no qual trabalha há dois anos. Trata-se de um evento de três dias em Assis, entre 26 e 28 de março, que contará com a participação de especialistas e entes civis para discutir os fundamentos da economia e sua dimensão ética e humanística. O objetivo é estimular a participação de jovens de até 35 anos como forma de renovar a sociedade. Dois meses depois será a vez de Roma sediar mais um evento mundial idealizado pelo Papa: o chamado “Pacto Educativo”, encontro que propõe um diálogo sobre o modo como a humanidade tem construído o futuro e sobre a necessidade de investir em talentos e em educação para criar uma sociedade mais solidária e acolhedora. De acordo com o próprio Papa, “nunca, como agora, houve necessidade de unir esforços numa ampla aliança educativa para formar pessoas maduras, capazes de superar fragmentações e contrastes e reconstruir o tecido das relações em ordem a uma humanidade mais fraterna”.
Assim como a imigração e o meio ambiente, a economia e a solidariedade são os outros pilares do Pontificado de Francisco, que idealiza uma Igreja missionária que chegue até as periferias. No entanto, um dos eventos mais aguardados para 2020 será a publicação, agendada para 29 de junho, do documento que está sendo preparado por um grupo de cardeais, o chamado C6, para a reforma da Cúria Romana. “Constituição Apostólica Praedicate Evangelium” (Proclamar o Evangelho) deverá ser o título do documento, que substituirá a “Pastor Bonus”, publicada por São João Paulo II, em 28 de junho de 1988. Parte do conteúdo chegou a ser veiculada na imprensa no ano passado, mas o texto final ainda está sendo trabalhado e promete trazer mudanças às estruturas da Igreja, a qual o próprio Papa disse estar “200 anos atrasada” durante seu discurso de fim de ano no Vaticano. De acordo com especulações, é possível que a tradicional Congregação para a Doutrina da Fé perca espaço dentro das estruturas da Igreja e que um novo superorganismo seja criado com foco em evangelização. Ainda no primeiro semestre de 2020, deve ser publicado o documento de conclusão do Sínodo sobre a Amazônia, ocorrido em outubro na capital italiana e que terminou suscitando polêmicas.
O texto aprovado no Sínodo fala em ordenação de homens casados para suprir a falta de padres na Amazônia, assim como a de mulheres para o diaconato feminino. No documento, os participantes do Sínodo também deixaram claro que “apreciam o celibato como um dom de Deus”, mas apontaram que seria possível estabelecer critérios para “ordenar sacerdotes homens idôneos e reconhecidos da comunidade, que tenham um diaconato permanente fecundo e recebam formação adequada para o presbiterado, podendo ter família legitimamente constituída e estável”.
As propostas estão sendo analisadas por Francisco, quem decidirá quais, de fato serão adotadas, pela Igreja. Outro tema aguardado para 2020 e que pode afetar o Vaticano é a conclusão da investigação sobre Theodore McCarrick, antigo arcebispo da diocese de Washington, acusado de pedofilia.
O caso ganhou os holofotes quando o ex-núncio apostólico em Washington Carlo Maria Viganò acusou o Papa de se calar sobre as denúncias de abuso sexuais supostamente cometidos por McCarrick.
Ao longo de 2020, Francisco também deve fazer as viagens internacionais, apesar da agenda ainda não ter sido definida.
Isso porque alguns dos destinos enfrentam instabilidades políticas e conflitos, como o Sudão do Sul e o Iraque, países que Bergoglio já disse publicamente que gostaria de visitar.
Ainda tem a possibilidade do Papa ir para a Indonésia, Timor-Leste, Papua-Nova Guiné, Montenegro, Etiópia, África do Sul, Hungria ou até Chipre. (ANSA)