Uma das principais bandeiras do governo Bolsonaro, o programa de privatizações, continua paralisado. Um ano depois da posse, a promessa de arrecadar R$ 1 trilhão com a venda de estatais, feita pelo ministro Paulo Guedes, virou pó. Banco do Brasil, CEF e Petrobras continuam intocadas. Esta última, apesar da venda das subsidiárias, ainda mantém sua autossuficiência. O governo nem se preocupou em rever o marco regulatório do Pré-Sal que garantiu à estatal o controle sobre a exploração da região e levou ao fracasso do megaleilão de campos do final do ano, espantando o capital estrangeiro. A Eletrobras, que já estava na agenda de privatizações do governo Temer, continua intocada e o governo não tem articulação no Congresso para levar adiante a venda. Pior: a quase totalidade do valor arrecadado foi utilizado para engordar as próprias estatais – não serviu para abater o déficit público nem para investimentos com infraestrutura ou para a área social.

Alguns dos maiores cabides de emprego e fontes de escândalos também continuam intactos: é o caso da Valec e da EBC. Esta última, aparelhada pelo PT com a desculpa de driblar as TVs não alinhadas, agora está sendo usada de forma despudorada pelo bolsonarismo como propaganda do governo. Para que esse quadro mude, é necessária a iniciativa do governo. O secretário de Desestatização Salim Mattar, apesar de favorável à transformação, não tem poder para mexer com as estatais e a burocracia. Dependeria do ministro Paulo Guedes e do presidente em um movimento articulado com o Congresso. Infelizmente, estes últimos não parecem dispostos a agir. A agenda mudou, apesar do discurso liberal.