A um ano do Congresso em que buscará sua reeleição, Gianni Infantino vai viver na Rússia-2018 a primeira Copa do Mundo como presidente da Fifa, organismo que assumiu com promessas de reformas, que para muitos ainda não convencem.

“Vamos restaurar a imagem da Fifa e todo mundo vai respeitar a Fifa”: as promessas realizadas pelo ex-secretário geral da Uefa no dia que foi eleito, em fevereiro de 2016, foram cumpridas?

Ex-braço direito de Michel Platini, Infantino “se tornou presidente da Fifa mais por acidente do que por desejo. Talvez porque tenha todas as armas à mão?”, pergunta-se o britânico Patrick Nally, responsável pelos primeiros contratos de marketing da Fifa no final dos anos setenta.

Além de tocar reformas institucionais indispensáveis, depois do escândalo de corrupção que derrubou Joseph Blatter, Infantino deu a primeira grande demonstração de poder ao aumentar para 48 o número de seleções na Copa do Mundo, a partir de 2026.

“Isso me parece uma ideia fantástica”, disse a lenda argentina Diego Maradona, conceito que coincide com o ex-atacante francês David Trezeguet: “isso pode dar mais possibilidades para outros países e dar protagonismo para jogadores que não participaram nesta competição”.

Por outro lado, outras vozes não pensam do mesmo jeito.

“Com a Copa do Mundo de 48 times e grupos de três na primeira fase, faz-se uma primeira rodada politicamente correta”, avalia uma fonte que conhece bem a Fifa.

-‘Medidas cosméticas’-

“É a mesma filosofia que se colocou em prática quando Infantino estava na Uefa. Consistia em se manter entre ricos e poderosos e depois eliminar os mais débeis, apesar de pretender o contrário. Não se faz nada para reduzir as brechas, pelo que terminam sendo medidas cosméticas”, acrescentou essa fonte.

Com uma crença que soa a slogan publicitário, “Trazer o futebol para a Fifa e a Fifa para o futebol”, Infantino recrutou ex-jogadores e outras lendas para realizar os projetos.

Saludado depois de ter aprovado o uso da vídeo-arbitragem (VAR) para a Copa da Rússia, Infantino não leva todos os aplausos com seus principais projetos: um Mundial de Clubes com 24 times a cada quatro anos e uma Liga Mundial de nações a cada dois, com a promessa de 25 milhões de dólares em premiações pagos por um consórcio de investidores. Os dois projetos são mal vistos pela Uefa.

O Real Madrid, atual campeão mundial, se declarou favorável à ideia de um torneio estendido. “Uma competição que seria atrativa”, segundo Emilio Butragueño, um dos responsáveis merengues.

– Eleitoreiro –

Ainda assim, Infantino cria ruídos ao “negociar diretamente com os clubes”, avalia outro especialista da entidade. “Se tivesse que resumir, as decisões que toma são extremamente eleitoreiras, com mais dinheiro e mais times”.

“Com Blatter, se sentia um governo um pouco mais inclusivo, tomando o tempo para consultar todo mundo. Com Infantino, ou toma a decisão ou fica de fora”, opina esta fonte.

“Custa para ele encontrar novas soluções para ter mais dinheiro de receita”, comenta por outro lado Nally, para quem a Fifa, com suas enormes receitas, “não tem um perigo imediato, mas se não redefinir sua imagem e seu marketing, poderia ter”.

Antes da abertura da Copa do Mundo, Infantino será avaliado pela escolha do país que vai sediar a Copa de 2026, dia 13 de junho no Congresso da Fifa, em Moscou.

Diante da candidatura conjunta de Estados Unidos-Canadá-México, que o ajudou a ser eleito presidente em 2016, aparece o azarão Marrocos, avaliado como apto para apresentar sua candidatura.

Ainda assim, os analistas acreditam que a decisão está praticamente definida por uma simples análise: “Se Marrocos foi admitido para a votação, quer dizer que Infantino tem certeza que a candidatura Estados Unidos-Canadá-México vai vencer”, garante um bom conhecedor da entidade.

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