Depois de nova decepção após empate em 1 a 1 no amistoso contra a Turquia, na terça-feira, o desempenho da anfitriã Rússia na Copa do Mundo gera medo e poucos motivos para otimismo, diante do pesadelo de cair na primeira fase da competição disputada em casa.

A uma semana do início do Mundial russo, o time de Stanislav Cherchesov acumula recordes negativos. A equipe não venceu nenhum dos sete últimos jogos, sendo o triunfo mais recente em amistoso contra a Coreia do Sul (4-2), em outubro.

A imprensa local ecoou um dado que preocupa: a Rússia será o primeiro anfitrião da Copa do Mundo a iniciar o torneio sem vencer nenhum jogo nos seis meses que antecedem a competição, algo que não acontece há 84 anos.

“Tudo vai mal”, estampou o jornal Sport Express em sua manchete na quarta-feira, enquanto o diário Sovietski Sport pediu para que a seleção “não seja a África do Sul”. Em 2010, os sul-africanos foram os primeiros a serem eliminados na fase de grupos do torneio.

A Rússia vai disputar o grupo A ao lado de Arábia Saudita, Egito e Uruguai.

O país anfitrião está sob críticas há meses, principalmente com Stanislav Cherchesov, e os ex-jogadores são os mais duros com o treinador.

“Não sofro por Cherchesov. Para mim, suas ideias são ridículas e irreais. Não sofro pela comissão técnica, que destrói nosso futebol. Sofro pelos nossos jogadores”, afirmou Andrei Kanchelskis, ex-meia do Manchester United e da seleção russa.

A tendência do técnico em analisar os jogos com otimismo amplia a indignação.

“Acho que demos um salto de qualidade em relação ao jogo contra a Áustria (derrota 1-0 na semana passada)”, chegou a dizer Cherchesov após o jogo contra os turcos.

– “Beco sem saída” –

Em dois anos e depois de renovar o elenco da seleção após o fracasso da Eurocopa-2016, com eliminação na fase de grupos, Cherchesov ainda não encontrou uma fórmula. Foram muitos testes e vários improvisos.

“Cherchesov está em um beco sem saída”, resume Sport Express antes de listar os problemas russos e questionar por que “todos os jogadores parecem piores se comparados ao que jogam em seus clubes”.

O único que parece ver esperança ao lado de Cherchesov é o ex-ministro de esportes e presidente da Federação Russa de Futebol (RFS), Vitali Mutko, que garantiu que “não é um problema que o time não tenha vencido nenhum jogo neste ano”.

“Não esqueçam os adversários que tivemos: Argentina, Espanha, Brasil, França”, acrescenta o homem forte do esporte russo na última década.

Enquanto Sport Express nega que Cherchesov tenha afundado a moral dos torcedores russos, estes parecem acreditar pouco no time.

“Com uma atuação assim, as opções parecem muito reduzidas”, se resigna Daniel Pospelov, um professor que acompanhava o jogo contra a Turquia em um bar de Moscou.

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