“Não posso ser excluído do futebol”, indicou Michel Platini em entrevista à AFP, neste sábado, um dia após a justiça suíça inocentar o ex-presidente da Uefa pelo pagamento não declarado de 1,8 milhões de euros.

“Espero que a Fifa tenha o valor e a decência de levantar minha suspensão, já que a justiça determinou que não houve nenhum pagamento injustificado”, acrescentou o comandante do futebol europeu entre 2007 e 2015.

Segundo publicação do jornal Le Monde na sexta-feira, o processo penal aberto em setembro de 2015 tem como objetivo investigar o ex-presidente da Fifa, Joseph Blatter.

A matéria se baseia em uma mensagem assinada por Cedric Remund, promotor do Ministério Público da confederação helvética (MPC), e enviada em 24 de maio a Vincent Solari, advogado do ex-jogador francês.

“Podemos confirmar que o processo atual não irá contra seu cliente, Michel Platini. Podemos confirmar que seu cliente não será incriminado no quadro do processo atual”, diz o escrito ao qual a AFP obteve uma cópia.

O anúncio foi atenuado por um porta-voz do MPC neste sábado, precisando que Platini foi inocentado “momentaneamente”: “devido ao seu status de testemunha, se encontrássemos elementos (no ‘caso Blatter’), o caso Platini não estaria definitivamente fechado”.

Assine nossa newsletter:

Inscreva-se nas nossas newsletters e receba as principais notícias do dia em seu e-mail

“É um porta-voz, não tem função de jurista para dizer que existe um ‘caso Platini’. Reagiremos com firmeza diante dos procuradores na segunda-feira. Não existem acusações e não será processado. Está fora de questão”, indicou Solari.

– Código de ética –

De forma paralela a este procedimento penal, a Fifa suspendeu Platini de toda atividade ligada ao futebol até outubro de 2019. A punição impediu o francês disputar a eleição à presidência da Fifa, em fevereiro de 2016.

“Foi muito difícil. A Fifa só falou para me destruir midiaticamente. Bateram por todos os lados. Mas quando as instâncias esportivas (Fifa e Corte Arbitral do Esporte – CAS) reduziram minha pena de oito para seis anos de suspensão, após quatro anos, e não se determinou nenhum ato de corrupção contra mim, as pessoas entenderam: tudo foi feito para me distanciar da presidência da Fifa”, indicou Platini à AFP.

A Fifa não reagiu ao anúncio da justiça suíça, segundo comunicado enviado à AFP neste sábado.

“Sempre fica muito claro, tanto para a Fifa quanto para o CAS, que Platini nunca foi alvo de investigação criminal na Suíça. Os elementos de uma ato delitivo na lei suíça são diferentes dos que se leva em consideração para um ato previsto pelo código de ética da Fifa”, indicou a entidade responsável pelo futebol mundial.

“Platini foi suspenso por violação do código de ética. A decisão foi mantida pelo CAS, que confirmou as acusações, mas reduziu a duração da pena”, acrescentou a Fifa.

– Eleições em junho de 2019 –

O calendário das entidades esportivas coloca a presidência da Fifa em disputa em junho de 2019, o que levanta a dúvida se Platini tentará levantar sua suspensão para concorrer ao cargo mais alto do futebol mundial.

“Tenho tempo para refletir. Até o momento, desfruto desta decisão, que me permite levantar a cabeça”, indicou o três vezes vencedor da Bola de Ouro.

Platini, que nunca digeriu a suspensão, levou sua luta para o âmbito pessoal: “o que mais me incomoda de tudo é que meus netos, ao escreverem meu nome na Wikipedia, podem ler na última linha ‘Michel Platini, expulso do futebol pelas autoridades por pagamento indevido’. Depois de tudo o que fiz pelo futebol…”.


Mas o ex-jogador está confiante para os próximos capítulos: “existe um provérbio italiano que diz ‘quando uma porta se fecha uma janela se abre”.

Blatter, presidente da Fifa entre 1998 e 2015, se mostrou otimista após a decisão da justiça suíça sobre seu antigo colaborador.

“É um sinal positivo para mim e espero o desenrolar do caso de maneira confiante”, disse à AFP

pgr/ig/gh/me/fa

JUVENTUS FOOTBALL CLUB


Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias