Ele finalmente conseguiu: Antoine Griezmann, que bateu na trave tantas vezes, ergueu com força um troféu de peso ao conquistar nesta quarta-feira a Liga Europa, com direito a dois gols na vitória sobre o Olympique de Marselha (3-0).

Um dos atacantes mais cobiçados do mundo e já cogitado no Barcelona para a próxima temporada, Griezmann colecionava vice-campeonatos (duas Ligas dos Campeões, Eurocopa), tendo em sua sala de troféus pessoal apenas dois títulos de menor importância no cenário do futebol, a Eurocopa Sub-19 de 2010 com a França e a Supercopa da Espanha de 2014 com o Atlético.

A estes, o francês pode finalmente somar uma Liga Europa, que, caso deixe o clube ao fim da temporada, poderá se um presente de despedida para os torcedores do Atlético, no qual atua desde 2014.

Em cada uma das três Ligas Europas conquistadas pelo Atlético, sempre houve um atacante protagonista nas finais: o uruguaio Diego Forlán anotou dois gols na vitória sobre o Fulham (2-1) em 2010, enquanto o colombiano Radamel Falcao balançou as redes duas vezes no triunfo sobre o Athletic Bilbao (3-0) em 2012. Griezmann se junta assim por méritos próprios ao panteão de nomes da história ‘colchonera’.

Para isso, não precisou estar muito ativo em campo, mas sim simplesmente estar no lugar certo nas horas decisivas, mostrando o instinto matador do artilheiro.

Aos 21 minutos, recebeu ótimo passe de Gabi Fernández, após saída de bola desastrosa da zaga do Marselha, e tirou do goleiro Mandanda para tirar o zero do placar, abrindo o caminho para o título do Atlético.

No início do segundo tempo, o tiro de misericórdia. Quando o Marselha tentava buscar o empate, Griezmann voltou a ficar cara a cara com o goleiro francês, desta vez após ótimo passe de Koke, e ampliou o placar com um toquinho sutil.

Os dois gols foram suficientes para que fosse eleito melhor jogador da partida pela Uefa.

– Em casa em Lyon –

Em entrevista ao site da Uefa publicada na terça-feira, Griezmann disse acreditar que jogar em Lyon, palco da final da Liga Europa, poderia ser um talismã pessoal.

Nascido em Mâcon, a 80 quilômetros da Lyon, foi lá que assistiu aos primeiros jogos de futebol em sua juventude, quando seu ídolo era o atacante brasileiro Sonny Anderson.

Já como atleta, Griezmann contou que emocionou a família ao conseguir marcar um gol de bicicleta contra o Lyon, quando ainda vestia a camisa da Real Sociedad, pela fase prévia da Liga dos campeões em 2013.

A Real Sociedad venceu naquele dia por 2 a 0 no estádio Gerland, ex-casa do Lyon, substituído pelo Parc OL, construído para ser uma das sedes da Eurocopa-2016.

No torneio europeu, no qual Griezmann foi uma das estrelas, o atacante francês foi o herói de sua seleção nas oitavas de final, disputada justamente em Lyon, anotando os dois gols da virada da França sobre a Irlanda (2-1).

Griezmann avisou. Assim como já havia feito seu companheiro de seleção, o meia Dimitri Payet, camisa 10 do Marselha que precisou ser substituído ainda no primeiro tempo por lesão.

“Griezmann pode mudar a partida em um minuto”, declarou Payet em coletiva de imprensa na véspera.

Com a atuação em Lyon, o ‘Principito’, como é carinhosamente chamado na Espanha, virou rei, deixando para trás as lembranças do pênalti perdido na final da Liga dos Campeões de 2016, perdido para ao Real Madrid, e a derrota para Portugal na final da Euro.

dr/am