O local de testes nucleares subterrâneo da Coreia do Norte foi parcialmente destruído, após sofrer uma intensa explosão no ano passado, o que teria inutilizado essa instalação – afirmam sismólogos chineses.

Na semana passada, o líder norte-coreano, Kim Jong-un, declarou que o governo suspenderia os testes nucleares e de mísseis de longo alcance, além de fechar esse sítio nuclear em Punggye-ri, sob o monte Mantap, no norte do país.

A oferta foi feita alguns dias antes da cúpula, nesta sexta (27), com o presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, a qual deve ser seguida de um encontro, em breve, entre Kim e o presidente americano, Donald Trump.

Pyongyang conduziu cinco de seus seis testes nucleares nesse local. A detonação de 3 de setembro passado deflagrou um terremoto de magnitude 6,3, sentido ao longo da fronteira norte com a China.

A Coreia do Norte disse se tratar de um teste da bomba H.

Deslizamentos e tremores que se seguiram à explosão levaram à especulação de que o local estaria sofrendo da “síndrome da montanha cansada”.

Dois estudos envolvendo especialistas chineses descobriram que um tremor secundário de magnitude 4,1 ocorrido oito minutos e meio depois do primeiro abalo sísmico causou o colapso da rocha dentro da montanha.

“É necessário continuar a monitorar possíveis vazamentos de materiais radioativos causados pelo colapso”, alertou a Universidade de Ciência e Tecnologia da China no resumo de um estudo publicado em sua página on-line.

A instituição informa que o estudo será publicado no “Geophysicial Research Letters”, periódico da American Geophysical Union.

Em uma seção em inglês não incluída no resumo em chinês, os autores concluem que “a ocorrência do colapso deve considerar que a infraestrutura subterrânea do monte Mantap não seja usada para nenhum teste nuclear futuro”.

Um dos autores do estudo, Lianxing Wen, da Universidade de Stony Brook de Nova York, não respondeu ao contato da AFP.

Um segundo estudo realizado por cientistas chineses, incluindo especialistas do órgão que monitora o registro de terremotos (o China Earthquake Administration), também concluiu que o tremor de terra secundário de setembro foi o responsável pelo colapso.

“O tremor secundário não foi nem uma explosão secundária, nem deflagrou um terremoto tectônico”, afirma o segundo estudo, publicado mês passado no mesmo periódico.

“Ocorreu devido a um processo comparável a uma ‘imagem no espelho’ da explosão, ou seja, a rocha rachou, ou compactação, documentado pela primeira vez no local de testes da Coreia do Norte”, acrescenta o texto.

Este segundo estudo não informa, porém, se o local ficou inutilizável, ou se há vazamento de radiação.

“Modelos sísmicos, como nesse artigo, fornecem apenas uma compreensão parcial das explosões subterrâneas”, aponta, acrescentando que mais estudos são necessários para observar vazamentos radioativos e uma possível contaminação do lençol freático.

Os dois estudos chegaram a essas conclusões analisando dados das estações de monitoramento de abalos sísmicos.

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