Novos protestos foram organizados nesta quarta-feira em Yerevan, capital da Armênia, convocados pelo opositor Nikol Pashinian, que deseja uma transferência pacífica de poder e eleições legislativas antecipadas, dois dias após a renúncia do polêmico primeiro-ministro Serzh Sarkisian.

Milhares de pessoas se reuniram na Praça da República, no centro de Yerevan, local emblemático dos protestos contra Sarkisian na ex-república soviética do Cáucaso.

“Nikol, nosso primeiro-ministro”, gritavam os manifestantes.

Centenas de policiais e veículos blindados foram mobilizados no centro da cidade.

Deputado e opositor de longa data, Pashinian, que se declarou na terça-feira “disposto a governar o país”, convocou novos protestos depois de anunciar em sua página do Facebook que o primeiro-ministro interino, Karen Karapetian, se recusou a iniciar negociações sobre o futuro político do país.

Ex-presidente e recentemente nomeado primeiro-ministro, Sarkisian anunciou sua renúncia na segunda-feira, após 11 dias de manifestações. Os deputados armênios têm sete dias, de acordo com a lei, para propor novas candidaturas. A votação pode acontecer em 2 de maio.

Mas o Partido Republicano, de Sarkisian, dispõe de 65 cadeiras das 105 no Parlamento e não deve encontrar dificuldades para impor a vitória de seu candidato, algo que Pashinian não aceita.

“Não podemos permitir ao Partido Republicano que continue dirigindo o país”, disse Pashinian em uma mensagem de vídeo na terça-feira.

“Serzh Sarkisian não é o único problema, e sim todo o Partido Republicano”, afirmou.

Pashinian também considera “inaceitável” que um represente deste partido permaneça como primeiro-ministro, mesmo interino, até a organização de eleições antecipadas.

Os manifestantes na Praça da República têm a mesma visão do líder opositor: desejam a saída do partido de Sarkisian e a organização de novas eleições.

karen Karapetian, no entanto, afirmou nesta quarta-feira em uma entrevista coletiva que é contra a convocação de eleições legislativas antecipadas, ao mesmo tempo que ressaltou que tal decisão deve ser tomada por “todas as forças políticas” do país.

“Quem se proclama representante do povo deve ser eleito em uma votação”, disse.

“Assim que organizarmos eleições, se ele (Pashinian) for realmente o representante do povo, conseguirá a vitória”, completou Karapetian.

Ao mesmo tempo, o presidente armênio, Armen Sarkisian (sem parentesco com Serzh), convocou todas as partes ao “diálogo”.

As manifestações em Yerevan começaram em 13 de abril. A motivação foi exigir a saída de Serzh Sarkisian, acusado de desejar permanecer no poder a qualquer custo após uma década na presidência.

Na véspera, as autoridades armênias celebraram a unidade do país recordando, como acontece a cada 24 de abril, o genocídio armênio.

Uma cerimônia religiosa foi realizada no memorial de Erevan dedicado às vítimas dos massacres cometidos entre 1915 e 1917 sob o Império Otomano.

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