Três vítimas de abuso sexual denunciarão o “desprezo” que sofreram da Igreja Católica chilena em uma reunião futura com o papa Francisco no Vaticano, informou nesta terça-feira um dos afetados.

Juan Carlos Cruz, José Andrés Murillo e James Hamilton vão se reunir com o papa na segunda-feira para conversar sobre os abusos sexuais que sofreram pelo influente padre Fernando Karadima e as manobras dentro da Igreja para encobrir os crimes.

“Estou representando as pessoas que foram abusadas (…) o que disseram, como desprezaram e destruíram as vítimas”, disse Cruz em uma conversa telefônica com a Rádio Cooperativa de Roma.

“Vou contar em primeira mão o quão ruim a igreja recebe você, onde deveria receber amor e respeito”, acrescentou.

O encontro com as vítimas ocorrerá após a investigação ordenada por Francisco para determinar se o bispo da cidade de Osorno (sul do Chile) Juan Barros, cujo líder espiritual foi Karadima, encobriu ou não os abusos sexuais que sofreram.

Em fevereiro passado, Charles Scicluna, bispo de Malta, viajou ao Chile a pedido do papa para ouvir os testemunhos das vítimas de Karadima e outros religiosos. Depois de ler o seu relatório, Francisco pediu novamente perdão pelos abusos da Igreja e convocou todos os bispos chilenos a “discutir as conclusões”.

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As vítimas de Karadima também foram convocadas ao Vaticano, em um “sinal concreto” de que serão ouvidas, segundo Cruz.

Karadima abusou de menores durante a década de 80 em uma paróquia do bairro de El Bosque em Santiago. Somente em 2011, o Vaticano condenou-o a uma “vida de oração e penitência” depois que os tribunais chilenos declararam que as acusações de abuso sexual deveriam ser prescritas.

Os bispos chilenos também expressaram sua “dor e vergonha” pelos casos de pedofilia no Chile, enquanto o arcebispo de Santiago, Ricardo Ezzati, disse que Juan Barros deveria renunciar à Igreja.

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