O Salão Internacional do Automóvel de Pequim abre na quarta-feira (25) com a presença das principais marcas mundiais, dispostas a competir com as empresas chinesas por uma parcela no maior mercado mundial.

Organizado a cada dois anos na capital chinesa (a sede se alterna com Xangai), este salão é uma reunião importante para o setor, e, apesar de uma desaceleração das vendas em 2017, “ninguém pode deixar de comparecer”, afirma Ferdinand Dudenhöffer, diretor do Centro de Pesquisas Automotivas, basado na Alemanha.

A edição de 2018, contudo, poderia ser “contaminada” por assuntos mais políticos, em especial o fantasma de uma guerra comercial entre China e Estados Unidos, que inquieta o setor, bem como pelos anúncios de abertura econômica de Pequim.

O presidente chinês Xi Jinping prometeu, para este ano, uma redução das barreiras alfandegárias para veículos importados, um presente para as marcas de luxo que miram no ávido e ansioso mercado dos milionários chineses.

Em todo caso, o aumento da demanda por carros de luxo previsto na China terá efeitos muito limitados sobre o conjunto do mercado mundial.

O anúncio mais importante é a decisão da China de suspender, a partir de 2022, as restrições aos fabricantes estrangeiros para controlar suas fábricas filiais na China.

Atualmente, as empresas estrangeiras são forçadas a se associarem a uma empresa local – que deve ter pelo menos 50% do capital.

A eliminação desta restrição poderá ser sentida já neste ano, segundo Pequim, no setor dos carros elétricos, um segmento no qual a China, um país excessivamente poluído, aposta com força.

Em todo caso, o otimismo do mercado é limitado, e, na prática, pouco deve mudar, já que “será muito complicado para as empresas estrangeiras reestruturar essas filiais” com grandes volumes de produção, disse à AFP Bill Russo, diretor da consultoria Gao Feng Advisory.

Mas quem ainda não se instalou, como a fabricante de carros elétricos de luxo americana Tesla, poderia aproveitar a nova legislação.

– Tendência offroad –

Essas decisões normalizam as regras comerciais e também refletem “a competitividade dos grupos chineses”, segundo Guillaume Crunelle, da consultoria Deloitte. Agora, eles são considerados capazes de enfrentar em pé de igualdade seus concorrentes japoneses, sul-coreanos, europeus e americanos, disse.

As empresas estrangeiras ainda detêm 55% do mercado automotivo chinês, mas sua participação não para de cair.

As companhias chinesas, por exemplo, já controlam 60% do nicho dos offroads urbanos e SUV – que representam o segmento com maior aumento de vendas.

“As empresas estrangeiras enfrentaram, nesses dois anos, uma concorrência aguerrida das empresas locais, que fabricam offroads mais baratos”, alerta Russo.

O impacto disso é menor “nas marcas de luxo”, como Mercedes, Audi, ou BMW, “mas afeta as empresas de nível médio”, tais quais Ford e Peugeot-Citroen, acrescenta o especialista.

O salão vai prestar atenção especial aos carros elétricos, já que a partir de 2019 a legislação chinesa vai exigir de cada fabricante cotas de veículos movidos por “novas energias.

Isso deve estimular as vendas de automóveis elétricos ou híbridos, que em 2017 já cresceram 53% – embora representem apenas 2,7% do total.

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