O regime sírio tentava, neste domingo (22), consolidar sua presença em Damasco e arredores, bombardeando um dos últimos redutos do grupo extremista Estado Islâmico (EI), e com a evacuação de rebeldes de uma região do nordeste da capital.

Cinco civis, inclusive um casal e seu filho, morreram nas últimas 24 horas nestes bombardeios do regime contra o acampamento palestino de Yarmuk e bairros vizinhos, um dos últimos redutos do EI na periferia sul de Damasco, informou neste domingo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).

As tropas sírias bombardeiam há dias este acampamento palestino e seus arredores, a maioria nas mãos do EI, onde moram civis, para tentar retomar o controle da capital.

Neste domingo, a região permanecia sob bombardeio, com ataques aéreos, disparos de artilharia e fogueres, segundo o OSDH.

Entre as vítimas estava um casal e seu filho, mortos no sábado, de acordo com o OSDH, segundo o qual um homem morreu devido a seus ferimentos e outro nos bombardeios lançados neste domingo.

“Com estes, já são 11 os civis mortos desde que os bombardeios se intensificaram na quinta-feira”, informou o diretor do OSDH, Rami Abdel Rahman.

Antes do início da guerra na Síria, em 2011, 160.000 pessoas, incluindo sírios, viviam no acampamento palestino de Yarmuk, mas agora só restam alguns milhares, explicou o OSDH.

Por outro lado, a nordeste de Damasco, mais de mil combatentes rebeldes e familiares foram evacuados neste fim de semana da região de Qalamun oriental, em virtude de acordos que o regime de Bashar al Assad impôs aos rebeldes para consolidar seu poder nas imediações da capital.

Segundo os rebeldes, os ônibus em que viajavam chegaram neste domingo a Al Bab, no norte do país, a caminho de Afrin, enclave curdo na fronteira com a Turquia, que em março foi conquistado pelas forças de Ancara.

Agora, após ter controlado o enclave rebelde da Guta Oriental (a nordeste da capital), o governo quer retomar o controle de Yarmuk e de Al Hajar al Aswad, sob o poder do EI, e as localidades de Babbila e Beit Sahm, nas mãos dos islamitas.

Se consegui-lo, o governo controlaria o conjunto da região de Damasco pela primeira vez desde 2012.

– Ação diplomática –

Enquanto isso, reunidos no sul da Suécia, os membros do Conselho de Segurança da ONU se comprometeram neste domingo a aumentar seus esforços para superar as divisões sobre o conflito sírio.

“Há um acordo para voltar seriamente a uma solução política sob o guarda-chuva do processo da ONU em Genebra”, anunciou Olof Skoog, embaixador da Suécia na ONU.

“Uma solução política deve cumprir a resolução 2254”, acrescentou, por sua vez, o presidente do Conselho de Segurança, o embaixador peruano Gustavo Meza-Cuadra.

Participou do encontro, celebrado em Backakra (sul), o secretário-geral da ONU, António Guterres, e seu enviado especial para a Síria, Staffan de Mistura.

Skoog declarou que trabalharão “duro agora e nos próximos dias” para fixar “um mecanismo sério para estabelecer se ainda estão usando armas [químicas] e quem é o responsável”.

Desde que começou em 2011, o conflito na Síria foi ganhando complexidade com a implicação de países estrangeiros e de grupos jihadistas, deixando mais de 350.000 mortos e milhões de deslocados.

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