O ministro das Finanças do Japão, Taro Aso, decidiu não investigar nem punir um alto funcionário de seu ministério acusado de assédio sexual contra várias jornalistas, por considerar que ele se mostrou “suficientemente arrependido”.

A revista Shukan Shincho informou esta semana que o vice-ministro administrativo da Finanças, Junichi Fukuda, assediou uma jornalista em um bar, com pedidos para tocar os seios e beijar a repórter.

A revista afirmou que outras jornalistas relataram episódios de assédio por parte de Fukuda, que teria solicitado beijos e para levá-las a um hotel.

As acusações foram reveladas no momento em que o governo enfrenta um escândalo de favorecimento, que abalou consideravelmente a popularidade do primeiro-ministro Shinzo Abe e provocou pedidos da oposição pela renúncia de Abe e Aso.

Fukuda nega as acusações. O ministro das Finanças disse na quinta-feira que advertiu o funcionário por sua conduta, mas afirmou que não tinha a intenção de investigar mais ou de punir o vice administrativo.

“Pedi que atue com boa educação, sabendo como está o clima atual”, declarou Aso no Parlamento, em uma aparente referência ao escândalo de favorecimento.

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“Como tive a sensação de que estava suficientemente arrependido, não tenho a intenção de investigar mais”, completou, antes de afirmar que considerava inútil castigar Fukuda porque, segundo ele, uma “advertência verbal é válida”.

O porta-voz do governo, Yoshihide Suga, não comentou o caso e disse que concordava com as declarações do ministro Aso.

Após as revelações sobre a falsificação de documentos referentes à venda de um terreno do Estado por um preço muito inferior a seu valor de mercado, a popularidade de Shinzo Abe registrou uma forte queda nas pesquisas. O chefe de Governo nega qualquer envolvimento com o caso.

O Japão é um dos países com a menor representação de mulheres na política e registra um sexismo profundamente arraigado.

Uma pesquisa de 2017 mostrou que apenas 2,8% das vítimas de estupro procuraram a polícia, enquanto 58,9% não contaram o crime para ninguém, sem sequer para amigos ou parentes.

O movimento #MeToo, que reforçou a conscientização sobre o problema do assédio sexual em todo o mundo, praticamente não repercussão no Japão, com exceção de algumas vozes.

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