Confira, em vídeo, cenas de quatro atletas que suam sob os trajes tradicionais da religião :

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SEGREGAÇÃO
Sauditas, como a amazona Dalma Malhas, não serão
aceitas na delegação: ordem do príncipe Faisal

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Nunca houve uma Olimpíada em que todas as delegações contassem com pelo menos uma mulher entre os atletas. Tem sido assim, principalmente, porque países muçulmanos insistem em enviar apenas homens para a disputa, sob o argumento de não violar as regras da sharia, a lei islâmica que impõe restrições à liberdade feminina. Depois da edição de Pequim, em 2008, em que dezenas de atletas muçulmanas exibiram corpos cobertos e véus, o Comitê Olímpico Internacional (COI) tentou aparar essa aresta. Pressionou Catar e Brunei, dois dos três países que boicotavam a participação feminina, e eles estarão em Londres com suas esportistas. Neste mês, porém, a Arábia Saudita, terceira seleção que jamais levou mulheres às olimpíadas, recusou-se a dar um passo contra a discriminação. “Não vamos avalizar nenhuma participação feminina saudita nos Jogos ou em outras competições internacionais”, avisou o príncipe Nawaf Bin Faisal.

Foi o que bastou para que surgisse pressão pela exclusão da Arábia Saudita da Olimpíada. Em fevereiro, um relatório elaborado pela Human Rights Watch já denunciava a violação dos princípios olímpicos por parte do país muçulmano ao adotar políticas discriminatórias. Só para citar duas, o governo fechou, em 2009 e 2010, as academias de ginástica para mulheres, que também não participam das aulas de educação física nos colégios públicos. A amazona Dalma Malhas era uma das apostas sauditas para Londres. Ela conquistou o bronze nos Jogos Olímpicos da Juventude, em 2010, depois de receber um convite do COI para ir à competição – já que seu país natal não autorizou sua ida ao torneio. Dalma está desamparada, agora, uma vez que a cartilha olímpica não permite representações individuais.

 

No passado, a África do Sul já foi excluída dos Jogos durante o apartheid, o regime de discriminação racial. No caso das nações muçulmanas, estão em jogo questões políticas, religiosas e culturais. “Países islâmicos não querem que as mulheres se envolvam com o esporte, pois isso seria uma maneira de dar autonomia a elas. E o que se prega em alguns governos é que a mulher não foi feita para ter poder”, diz Katia Rubio, pesquisadora do esporte da Universidade de São Paulo (USP).

Regidas sob o wahabismo, uma corrente ultraconservadora do islã, as sauditas não podem viajar sozinhas para o exterior, não têm direito de dirigir nem de votar. A Arábia não tem importância nenhuma na geopolítica olímpica. Por outro lado, é o país muçulmano mais influente do mundo árabe, próximo dos Estados Unidos e das potências europeias. Resta saber como o COI irá se posicionar.

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