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Fazer compras no supermercado é uma tarefa ingrata para muita gente. Mas não para os consumidores fiéis de alimentos orgânicos. Eles não consideram o ato como mais um trabalho rotineiro, e sim como um momento de prazer. É o que revela um estudo recente da Universidade de Coventry, na Inglaterra. A pesquisa aponta que a constante busca por alternativas nas prateleiras de supermercados e lojas especializadas leva os fãs desses produtos a adotar atitudes semelhantes e a se agrupar em pequenas redes sociais. O alimento orgânico não tem agrotóxicos e é produzido de forma a preservar o meio ambiente.

Entre os adeptos da comida orgânica há uma intensa troca de informações, com dicas de cooperativas de produtores e sites de compras pela internet. Manter conexões é algo que tratam com carinho. Afinal, eles sentem que pertencem a uma comunidade. “Mais pessoas no Reino Unido estão buscando seus alimentos por meio dessa rede alternativa”, declarou Moya Kneafsey, chefe da pesquisa.

Mas se engana quem pensa que a nova tribo é totalmente zen. Engajados, os orgânicos ingleses chegam a sofrer de ansiedade. Isso porque eles são muito preocupados com a maneira como o alimento é produzido, o que gera uma forte carga de responsabilidade e até sensação de culpa a respeito do efeito do consumo convencional. É como se tivessem uma missão a cumprir.

No Brasil, o maior mercado de orgânicos da América do Sul, também existe uma espécie de fã-clube. “Além das vendas, fazemos eventos para fortalecer o conceito”, conta Isabel Antunes, da Mundo Verde, cujo faturamento cresceu 25% no último ano. Em geral, o público – das classes A e B, em sua maioria – opta pelo orgânico por desejar mais sabor e saúde à mesa. “Eles prevalecem sobre a questão do meio ambiente. Só que a cada ano a conscientização ecológica aumenta”, diz Reginaldo Morikawa, da Korin, produtora que deve lançar em novembro o frango orgânico (alimentado com milho orgânico e criado sem aditivos químicos).

Normalmente, são as mulheres que procuram os orgânicos. Especialmente as mães. Compram mais verduras e legumes, mas também se interessam por artigos como molho de tomate e azeite. Sempre pedem frutas, cuja disponibilidade depende da estação (elas não são maturadas artificialmente). Quanto aos preços, é sabido que são mais altos. “Investimos na educação para mostrar que a produção envolve um custo social e ecológico”, afirma Silvio Vieira, da Sabor Natural. Os alimentos mais críticos nesse sentido são tomate, morango, pêssego e batata. Na agricultura convencional, eles são bombardeados de agrotóxicos. Sem esses compostos, o cultivo fica mais difícil e, por isso, mais caro.