SÃO PAULO, 5 DEZ (ANSA) – Foram publicados nesta terça-feira (4) na revista científica “Lancet” dados sobre a criança que nasceu de uma mãe que recebeu transplante de útero de uma doadora que morreu. A mulher, de 32 anos, havia recebido o novo órgão em 2016 no Hospital da Clínicas da Universidade de São Paulo (USP), em São Paulo e, após um tratamento de fertilização, deu à luz à menina em dezembro de 2017.   

Já há 39 casos de transplantes de útero desde doadoras vivas no mundo. A maior parte deles é formada por mães que cedem o órgão a filhas, o que ocasionou o nascimento de 11 crianças.   

Este é o primeiro caso registrado de nascimento após transplante em que a doadora morreu. As dez tentativas anteriores fracassaram ou levaram a aborto espontâneo. A receptora, uma mulher brasileira que não teve a identidade revelada, sofria da síndome de Mayer-Rokitansky-Küster-Hauser, que afeta a formação da vagina e do útero. A doadora era uma mulher de 40 anos que morreu em consequência de um AVC.   

Os médicos administraram medicações para enfraquecer o sistema imunológico da receptora e assim minimizar as chances de rejeição do novo órgão. Após seis semanas da intervenção, a receptora passou a ter ciclo menstrual normal e, sete meses depois, seus óvulos, previamente fecundados, foram implantados.   

A gravidez transcorreu normalmente e a menina nasceu com 2,5 quilos, em um parto cesáreo.   

“O primeiro transplante de útero de uma doadora viva foi um marco na medicina, mas apresenta limitações, porque há poucas doadoras vivas. Frequentemente, [os transplantes] só acontecem entre familiares e amigos próximos”, diz Dani Ejzenberg, do Hospital das Clínicas em São Paulo. (ANSA)