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Dona de um mundo paralelo, a boneca Polly é febre entre as meninas. As roupas coloridas, que permitem novo visual a cada brincadeira, divertem e dão asas à imaginação infantil. O sucesso é tanto que Polly tornou-se item obrigatório nas lojas que vendem brinquedos. O que ninguém imaginava era o perigo que a boneca de dez centímetros oferecia. Ao lado de Barbie & Tanner e do boneco Batman com figuras magnéticas, a linha Polly Pocket integra a lista dos 39 produtos chamados para recall pela Mattel, na terça-feira 14. A megaconvocação da empresa americana de brinquedos envolve 21,8 milhões de produtos fabricados na China e comercializados no mundo todo. Só no Brasil, serão recolhidas 850 mil unidades confeccionadas entre 2002 e 2007.

Foi constatado agora que os ímãs aparentes desses brinquedos podem se soltar e causar problemas graves às crianças. “Buscamos formas de elevar a segurança. Após uma série rigorosa de testes e análises, aperfeiçoamos os produtos”, explica Lilian Gaino, gerente de comunicação da Mattel no Brasil. Desde 2006, as Polly estavam sob suspeita. Em novembro passado, três crianças americanas engoliram ímãs dos brinquedos e passaram por cirurgias. “Uma delas tinha dois anos, abaixo da faixa etária recomendada no produto. Os pais precisam ficar atentos às especificações”, diz Lilian. Após o registro, houve recall para quatro modelos da linha Polly Pocket, inclusive no Brasil. Agora, além desses, outros 35 produtos estão sendo retirados do mercado.

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De acordo com a empresa, as peças magnéticas, ingeridas ou aspiradas, poderiam causar perfuração do intestino, infecções e lesões fatais. “Qualquer peça pequena exige cuidado, sendo ímã ou não. Se forem engolidas e não eliminadas, ficam paradas no estômago e no intestino”, diz o pediatra Fábio Ancona. “Aspirar as peças é mais perigoso, já que podem impedir a respiração. Existe o risco de morte por sufocamento ou por complicações no organismo.” Segundo ele, o risco é o mesmo para qualquer objeto pequeno. Mas o que choca as pessoas, de acordo com Ancona, é a falta de controle e segurança da maior fabricante de brinquedos no mundo.

A gerente de comunicação da Mattel afirma que todos os itens passam por exaustivos testes para atender à legislação dos países onde são comercializados. Alfredo Lobo, diretor de qualidade do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) diz que os produtos são analisados, mesmo que já cheguem certificados internacionalmente. “Realizamos vários testes em laboratório, como resistência, tamanho das peças e toxicidade, antes de aprovarmos a comercialização”, explica. Lobo informou que os aperfeiçoamentos realizados agora pela Mattel garantem maior segurança. “Os ímãs são embutidos e não ficam expostos”, diz.

 

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Essa é a segunda convocação da Mattel em menos de um mês. No início de agosto, a empresa pediu a devolução de 1,5 milhão de brinquedos da Fisher-Price, sua subsidiária. Os produtos, também fabricados na China, apresentavam alto teor de chumbo na tinta, o que os tornava altamente tóxicos. Esses itens não foram comercializados no Brasil. A pressão do episódio foi tanta que o diretor da fábrica chinesa Lee Der, responsável pela produção, foi encontrado morto, com suspeita de suicídio. A preocupação, no momento, é que o maior recall de brinquedos já realizado no País atinja todos os consumidores envolvidos. A Mattel iniciou, na quarta-feira 15, campanha publicitária informativa. Quem possui algum dos produtos sob suspeita deve entrar em contato com a empresa para ser reembolsado ou receber outro brinquedo em troca.