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No primeiro trimestre de 2012, a procura por vistos para os Estados Unidos no Brasil aumentou 62%, segundo dados da diplomacia americana. Isso fez com que os EUA – que sofrem com efeitos da crise financeira mundial – abrissem as portas para a entrada de brasileiros. Isso pôde ser constatado durante a visita da presidente Dilma Rousseff àquele país, quando foi anunciada a abertura de um consulado em Minas Gerais e outro no Rio Grande do Sul. A medida pode levar anualmente mais de 130 mil gaúchos e mineiros à América do Norte, segundo estimativas dos agentes de viagens.

Os brasileiros são a segunda nação que mais visita os EUA (ficam atrás apenas dos chineses) e gastam cerca de US$ 5 mil por pessoa nessas viagens, segundo estudos da chancelaria americana no Brasil. No ano passado, 1,5 milhão de pessoas visitaram os Estados Unidos e as estimativas – que não incluem na conta a abertura dos novos consulados – são de que, até 2016, esse número chegue a 2,8 milhões de pessoas.

Apesar dos agentes de viagens mineiros e gaúchos estimarem aumento de 50% e 20%, respectivamente, na procura por pacotes para os EUA, a categoria prevê problemas estruturais nos aeroportos cujos terminais já operam muito acima da capacidade, como é o caso do aeroporto de Confins, em Belo Horizonte.

Sobre as novas unidades consulares, a porta-voz do Consulado Geral dos Estados Unidos em São Paulo, Katherine Caro, afirma que a meta é abri-las até 2014, com "vários funcionários brasileiros". "Sabemos que não vai ter somente uma seção dos vistos, também terá um departamento de relações públicas e outro comercial (Foreign Commercial Service) para promover os negócios entre os Estados Unidos e o Brasil". Ela diz que, só no ano passado, 29 mil gaúchos e 63 mil mineiros fizeram pedido de vistos nos consulados de Brasília, São Paulo, Recife e do Rio de Janeiro.

Economia

O valor de uma passagem aérea para os EUA varia entre US$ 600 (R$ 1 mil) e US$ 1 mil (R$ 1,8 mil) e a procura tem aumentado significativamente, afirmam os agentes de viagens. Para se ter ideia da demanda, a American Airlines oferece sete voos diários para três destinos diferentes nos EUA.

Apesar dos preços convidativos, as famílias mineiras têm que incluir no orçamento de viagem aproximadamente R$ 3 mil para conseguir o visto no Rio de Janeiro, sem contar com as taxas para a emissão do documento. Para os gaúchos, o valor fica em torno de R$ 800, por pessoa. A presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav) do Rio Grande do Sul, Rita Vasconcelos, diz que essas dificuldades afastam alguns. "Muita gente ficava desmotivada e resolvia ir para a Europa". Para ela, o consulado gaúcho vai representar "economia de despesa e de tempo".

Já em Minas, as dificuldades para a obtenção do visto não parecem frustrar os turistas, conforme afirma o vice-presidente da Abav de Minas Gerais, José Mauricio de Miranda Gomes. "Nesta semana e na próxima todos os voos para os Estados Unidos estão lotados e não é nenhum feriado ou alta temporada". Ele se mostra receoso com projeções, mas diz que os mais otimistas estimam que a procura deve aumentar 50% com o novo consulado.

A porta-voz do consulado americano em São Paulo afirma que apesar do tempo de espera na capital paulistana ser de até 40 dias, nas demais unidades, como a de Brasília ou do Rio de Janeiro, o agendamento sai em menos de 10 dias e o pedido pode ser feito em qualquer uma das cidades, não importando onde a pessoa reside. "É uma coisa contínua (a melhoria), não começou há um ano. Sempre estamos procurando facilitar o processo", diz Katherine. No entanto, confessa que não existem planos para outras unidades, além da mineira e gaúcha. 

Aeroportos sobrecarregados

Apesar das medidas provocarem alegria entre os agentes de viagens, o vice-presidente da Abav-MG pondera que a deficiência da infraestrutura aeroportuária brasileira pode prejudicar o desempenho do setor. "Em Confins por exemplo, temos apenas dois fingers (acessos de embarque) para aeronaves de médio e grade porte. Uma terceira tem que esperar para poder embarcar os passageiros, e não é uma espera normal como em voos domésticos porque o atraso de voos internacionais complica a vida das empresas", explica Gomes. 

Ele critica ainda a falta de ação do poder público e prevê problemas com grandes eventos esportivos como a Copa das Confederações, que acontece em 2013, e a Copa do Mundo, no ano seguinte. "Até hoje não foi feito nada, acredito que na Copa das Confederações não estará ampliado, mas Deus queira que eu esteja errado. Estou torcendo contra mim", ironiza.