Assista ao trailer :

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Um nobre beduíno toma nos braços o irmão mais novo, ferido numa batalha, e o conforta no momento da morte: ao ser recebido pelos anjos e lhe perguntarem o nome de seu Deus, o que você dirá? Alá, responde o jovem moribundo. E o seu emissário?, continua o nobre. Maomé, diz o rapaz. Esse tipo de diálogo, raramente ouvido em filmes, aparece no momento-chave de “O Príncipe do Deserto”, primeira superprodução do mundo árabe, que estreia na sexta-feira 13. Bancado em parte pelo Doha Film Institute, do Catar, o épico é um “Lawrence da Arábia” narrado do ponto de vista muçulmano e marca a entrada de milhões de petrodólares no concorrido e já milionário mercado do cinema mundial. É o nascimento da Óleowood.

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Ao contrário da Bollywood indiana, o nascente polo cinematográfico de Catar não é autocentrado: quer ser multicultural. Falado em inglês, coproduzido com dinheiro francês e italiano, distribuído por majors americanas e dirigido por um cineasta francês (Jean-Jacques Annaud), “O Príncipe do Deserto” segue à risca o beabá hollywoodiano – e isso confirma a sua grande ambição. A estética globalizante orienta inclusive o elenco, que traz nos papéis principais Antonio Banderas, Mark Strong e Tahar Rahim. A história, contudo, é estritamente árabe. Trata da rivalidade entre dois emires em torno da exploração do petróleo pelas empresas americanas nos anos 1930. De um lado, está o líder modernizador, protótipo do dirigente vendido ao colonialismo, papel defendido por Banderas; e do outro, o comandante tradicionalista, vivido por Strong, avesso ao progresso e que não vê na extração do petróleo uma forma de emancipação de seu povo. Entre os dois, surge a figura heroica do príncipe Auda, interpretado por Rahim, filho de sangue do emir antiquado e criado pelo rival de ideias avançadas: ele consegue reunir todas as tribos e ser aclamado chefe espiritual.

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PAI E FILHO
Banderas e Rahim (abaixo) lideram o elenco multicultural, dirigido por Annaud

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Esse blockbuster árabe custou US$ 55 milhões e é a sétima grande produção do Doha Film Institute. A entidade governamental, criada em 2010, organiza também o Doha Tribeca Film Festival, versão para o Golfo Pérsico do famoso evento dirigido pelo ator Robert De Niro em Nova York. O evento tornou-se, junto aos festivais de Dubai e Abu Dhabi, uma vitrine para a produção local e um incentivo à criação de mercado nos países da região – no Iraque, por exemplo, o cinema foi banido por anos e na maioria deles o circuito de salas é ainda pequeno. À frente de “O Príncipe do Deserto”, o produtor tunisiano Tarak Ben Ammar acredita que seu filme é um divisor de águas em uma atividade em que antes só se destacavam o Egito e o Irã. “O capital gerado pelos petrodólares estava mais voltado para infraestrutura e compra de armamentos do que para a cultura”, diz Ammar. A estratégia, agora, é correr contra o tempo – o Catar estabeleceu um prazo de dez anos para que a sua indústria cinematográfica se estabeleça “de forma sustentável e com projeção internacional”. O sistema de coproduções é incentivado porque promove a transmissão de know-how e será novamente usado em “O Profeta”, adaptação para o desenho animado do livro do escritor americano de origem libanesa Khalil Gibran. Para dirigir o projeto, foi convidado um mestre do gênero: Roger Allers, de “O Rei Leão”. 

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TERRA VIRGEM
Cena no deserto do Catar: local jamais usado para filma
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