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Bruno Henrique Mesquita, 21 anos, passa muito tempo em frente ao computador. Por isso, o recepcionista paulistano achou que era uma escolha lógica tentar uma vaga no curso de ciência da computação de uma universidade privada de São Paulo. Passou no vestibular, mas não se inscreveu. Ainda bem. "Teria desperdiçado dinheiro, porque usar computador em casa e trabalhar na criação de sistemas são coisas bem diferentes", afirma. "Precisaria de aptidões que hoje seique não tenho." O "socorro" veio da orientação vocacional especializada: com o apoio de uma psicóloga, o jovem chegou à conclusão de que queria fazer administração de empresas. "Vou prestar vestibular de novo neste ano", conta. Como ele, muitos estudantes saem do ensino médio sem saber que carreira profissional escolher. Desconhecem os cursos, confundem até admiração por uma profissão com aptidão e, pressionados por família e amigos ou influenciados por modismos, escolhem áreas que nada têm a ver com eles. "Às vezes, o aluno tem potencial para várias áreas e o conflito se estabelece ao tentar escolher apenas uma. É preciso estar muito seguro para não se ressentir depois", afirma a psicóloga Mariene Cardoso, supervisora do serviço de orientação vocacional da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), onde, segundo ela, o índice médio de evasão escolar de 40% também se deve à falta de identificação dos alunos com os cursos.

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Algumas escolas oferecem essa orientação aos alunos (normalmente as privadas, que cobram mais por isso). Uma das fases que mais ajudam os indecisos é aquela em que eles têm contato direto com profissionais de diversas áreas. "Nesse processo, a decisão acontece de forma gradativa e com mais segurança", explica a psicóloga Danielle Horoi, que orienta alunos de uma escola particular de São Paulo. Por isso os testes vocacionais são pouco recomendados, especialmente quando aplicados isoladamente. "Eles tentam mensurar aspectos pessoais, sem oferecer a orientação profissional, e podem confundir o estudante", pondera a psicóloga Leyla Nascimento, presidente da Associação Brasileira dos Profissionais de Recursos Humanos no Rio de Janeiro. O ideal é que essa orientação comece já no ensino fundamental. "Se habituássemos as crianças a pensar no mundo do trabalho, usando o contexto dos próprios pais e de profissionais com os quais elas convivem no cotidiano, elas já teriam analisado um cardápio grande de possibilidades", diz Leyla. E, como ela lembra, todo cuidado é pouco: nessa fase, tomamos uma decisão que pode valer para a vida toda.