Um supersoldado capaz de enxergar e derrotar até os inimigos que tentem atacá-lo pelas costas. Isso já não é somente ficção. É real. O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, quer que o Congresso americano libere US$ 15 bilhões para os principais institutos científicos de pesquisa desenvolverem parafernálias tecnológicas que transformem um soldado de carne e osso numa máquina futurista de guerra – e pretende “ser apresentado” a esse novo guerreiro até o final de seu mandato em 2008. A coisa vai de vento em popa.

Cientistas da Universidade da Flórida desenvolveram um equipamento que dá aos soldados uma visão de 360 graus. Para romper a limitação dos olhos humanos, que só visualizam objetos num campo de 180 graus, eles criaram um capacete com 144 sensores extremamente sensíveis que captam emissões térmicas e movimentos. Por menos que seja, qualquer ser vivo emana calor e não é diferente com um inimigo que se aproxima de seu alvo. Assim, através desses sensores térmicos, nada passaria despercebido pelo capacete.

Quanto aos movimentos de um eventual inimigo que se aproxime pela retaguarda, o processo tecnológico de reconhecimento é tão rápido como a transmissão natural entre as células nervosas do cérebro. Os sensores do capacete captam os sinais de movimentos. Esses sinais, através de um fio que compõe o capacete e está acoplado à língua do soldado, “viajam” até alguns terminais nervosos da língua que se comunicam natural e diretamente com regiões do córtex cerebral capazes de traduzir para os olhos contornos de imagens que eles não conseguem normalmente enxergar (porque saem de seu raio de 180 graus). O soldado, ao perceber então esses contornos que estão atrás dele, pode saber se é o vulto de uma pessoa, eventualmente um inimigo, se estiver numa guerra. “É o homem enxergando em 360 graus sem sequer mover a cabeça”, diz o neurocientista Anil Raj, responsável pelo projeto.

Para evitar que um colega de pelotão seja confundido com um inimigo, serão implantados chips nos uniformes americanos. Esses chips trocam informações entre si. Quando houver troca, é soldado americano perto de soldado americano. Quando não houver, é soldado americano próximo a alguém que, não importa quem, Bush definiria como alienígena.