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O PACIFICADOR
Lula quer dar um basta à disputa petista por cargos

Depois de passar sete dias internado para tratar de uma pneumonia, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva saiu do Hospital Sírio-Libanês, no domingo 11, decidido a colocar nos trilhos a campanha do petista Fernando Haddad à prefeitura da capital paulista. Ainda debilitado, Lula promoveu, na segunda-feira 12, à noite, seu primeiro movimento. Convocou o presidente nacional do PT, Rui Falcão, e o chefe do diretório estadual da legenda, Edinho Silva, para uma reunião na sala de seu apartamento, em São Bernardo. Sem rodeios, mostrou descontentamento com a batalha fratricida travada entre as correntes da legenda por postos estratégicos na campanha paulistana ao executivo, principalmente, os de coordenador-geral e tesoureiro. O recado do ex-presidente aos dirigentes foi claro e duro: “Acabou a brincadeira. Não dá para fazer política como criança”, disse. “É hora de parar a confusão e entrar na campanha.”

Atualmente, a coordenação da pré-candidatura de Haddad é exercida pelo presidente do diretório municipal da capital paulista, vereador Antonio Donato, da corrente Novo Rumo. O cargo, no entanto, vem sendo cobiçado por outra ala petista, a Construindo um Novo Brasil (CNB). Um dos argumentos usados pela corrente petista é que, apesar de não contabilizar o maior número de filiados no município de São Paulo, ela é a mais poderosa na estrutura do partido no País e, portanto, deveria ter papel de protagonista.

A CNB chegou a propor dois nomes para coordenar a campanha petista, os deputados federais Ricardo Berzoini e Vicente Candido. Mas Berzoini já oficializou sua saída da disputa. O parlamentar alegou não ser possível conciliar o posto com a presidência da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. Na verdade, seu nome não passou pelo crivo de Lula. Além de ter sido afastado da coordenação da campanha do ex-presidente ao Planalto em 2006 pela associação com o escândalo dos aloprados, Berzoini enfrentou forte resistência do ex-ministro Antônio Palocci, petista com melhor entrada entre o empresariado paulista.

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VOO RASO
Com 3% das intenções de voto, Haddad ainda não decolou

Em paralelo, outras alas da sigla, como a Partido de Lutas e de Massa (PTLM), também demonstraram insatisfação por não serem contempladas. Tamanho conflito é apontado por um integrante do comando estadual do partido como a causa de volta e meia circular informações de que a senadora e ex-prefeita Marta Suplicy voltaria ao jogo político deste ano. Maior conhecedor do PT, Lula já começa, no entanto, a reverter esse movimento. Com a mesma facilidade com que ergueu Haddad, ligado à Mensagem ao Partido – quarta maior ala da sigla na capital paulista e sem histórico de militância –, à condição de candidato, o ex-presidente conduz a distribuição de cargos na campanha e orienta os companheiros de partido.

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Lula também tenta atrair partidos antes considerados aliados de primeira hora da legenda na sucessão municipal, mas que, agora, ameaçam lançar candidatos próprios ou apoiar o tucano José Serra. É o caso do PSB. Na quarta-feira 14, Lula telefonou para o presidente do partido, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos. Depois de um amistoso bate-papo, agendaram um encontro para esta semana. O regresso de Lula ao front eleitoral ocorre num momento em que o temor começa a se abater sobre a campanha de Haddad. O pré-candidato do PSDB José Serra tem 30% das intenções de voto, enquanto o petista não supera a marca dos 3%. Em 2010, faltando o mesmo tempo para a eleição, lembram os que insistem em ver semelhanças entre a candidatura de Haddad a prefeito de São Paulo e a de Dilma Rousseff ao Planalto em 2010, a então candidata de Lula beirava os 25% das intenções de voto. Para o consultor político Gaudêncio Torquato, professor da Universidade de São Paulo (USP), no entanto, não há razões para pânico. “No momento em que o eleitorado tiver uma associação Lula-Haddad os números vão mudar”, analisa. É o que espera o ex-presidente Lula. 

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