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NOVA IMAGEM
Bruni em evento de campanha realizado na semana
passada: roupas simples e pouca maquiagem

A primeira-dama da França, Carla Bruni-Sarkozy, mudou da água para o vinho no último mês e permanecerá irreconhecível pelo menos até 6 de maio, dia do segundo turno das eleições presidenciais no país. Até lá, Carla deixará adormecida sua face mais glamourosa como parte da estratégia para alavancar a reeleição do marido, Nicolas Sarkozy, que se relançou como “candidato do povo.” O presidente francês precisou remodelar a própria imagem de playboy esbanjador, afeito à companhia de ricos empresários. Nessa nova fase, não há nenhum espaço para a herdeira italiana, ex-modelo, cantora e atriz, que namorou Mick Jagger e Eric Clapton e apareceu nua na internet. Os eleitores conservadores de Sarkozy exigem uma primeira-dama clássica, discreta, longe do frenesi das passarelas. Rapidamente Carla transformou-se numa mulher bem mais apagada do que a estrela que pisou no Palais d’Elysée pela primeira vez há quatro anos. “A nova Carla é parte de algo mais abrangente na mudança da imagem do presidente”, diz o analista político Bruno Jeanbart, sócio do Instituto Opinion Way. “A ideia é manter a discussão centrada nele, e não no governo.”

A mudança é mais do que necessária. O presidente francês enfrenta uma duríssima campanha e, apesar do crescimento do índice de intenção de voto nas últimas semanas, não conseguiu ultrapassar o candidato da oposição, o socialista François Hollande, primeiro colocado nas pesquisas. Seu governo acumula a pior aprovação da Quinta República, período iniciado pela carismática liderança do general Charles de Gaulle em 1958. A figura da primeira-dama tem sido explorada no limite do aceitável pelos franceses. Mesmo na versão recatada, Carla é mais popular do que o marido, o que pode ser um risco. “Não podemos dar a impressão de que queremos compensar a baixa popularidade dele com a dela”, disse ao jornal “Le Fígaro”, um dos estrategistas de campanha. Mas quando Sarkozy desembarcou em Annecy, capital do departamento de Haute-Savoie, para seu primeiro comício em 16 de fevereiro, a principal pergunta era: “Onde está Carla”?

Depois disso, três de suas aparições foram planejadas. Na primeira, em Marseille no dia 22 de fevereiro, Carla Bruni chegou deliberadamente simples, de jaqueta, calça, cabelos soltos e maquiagem mínima. Distribuiu sorrisos e acenos. Pouco antes, ela já havia surpreendido os franceses ao falar à TV Magazine, vestida de maneira simples, como uma típica dona de casa: usava uma discreta calça preta e um cardigã cinza. O tema da entrevista foi ainda mais revelador. Ao semanário, que tem uma tiragem de seis milhões de exemplares, Carla falou de seus programas de televisão preferidos, por coincidência os mais populares, e só. Incorporou o momento francês. Pesquisas mostram que os franceses romperam com a sociedade de consumo exagerado e objetos caros, para se refugiar com a família em museus, cinemas e teatros. Os gastos estão mais selecionados. O voto, também. 

“A nova Carla quer mudar a imagem do presidente Sarkozy”
Bruno Jeanbart, analista político