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DESORDEM
Caminhoneiros entregam apenas 5% do combustível consumido

Na última semana, instruídos por uma liderança sindical, motoristas de caminhões-tanque jogaram o bom-senso no ralo. Para alcançar seus objetivos, tentaram tomar a população como refém ao suspender a distribuição de gasolina, álcool e diesel para os cerca de dois mil postos de abastecimento na região metropolitana de São Paulo. O pretexto da iniciativa que atentou contra o cidadão paulistano e provocou o caos na cidade foi a entrada em vigor da proibição do tráfego de caminhões em 25 vias de grande movimento, como a marginal Tietê, das 5h às 9h e das 17h às 22h, um projeto de autoria do prefeito Gilberto Kassab que se arrastava desde 2008. A consequência do protesto irresponsável foi sentido na pele pelo consumidor. A capital paulista recebeu somente dois milhões de litros de combustível, ante um consumo médio de 40 milhões de litros pelos paulistanos, e os postos lotaram de carros.

Na esteira da desordem dos caminhoneiros, proprietários de postos resolveram bater a carteira da população e aumentaram para até R$ 4,99 o litro da gasolina. “São bandidos”, disparou José Alberto Gouveia, presidente do Sincopetro, entidade que reúne os proprietários de postos.

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OPORTUNISMO
Donos de postos cobraram R$ 4,99 pelo litro da gasolina

Na terça-feira 6, a Justiça concedeu liminar à prefeitura e às empresas distribuidoras, estabelecendo uma multa diária de R$ 1 milhão a organizações que capitanearam o protesto, com destaque para o Sindicato dos Transportadores Rodoviários de Bens Autônomos do Estado (Sindicam). E, no fim da semana, a paralisação já havia perdido fôlego. Derrotado, restou ao líder dos caminhoneiros o discurso fácil do arrependimento: “Não faria de novo. Só queríamos chamar a atenção da sociedade para a nossa causa”, disse o presidente do Sindicam, Norival Silva. Pura retórica. Na verdade, os caminhões-tanque serão pouco afetados pela medida que motivou a paralisação, pois já estavam vetados na marginal Tietê, e em horários semelhantes aos das novas regras de proibição. O discurso confortável do arrependimento também não elimina os estragos já provocados e que ainda serão sentidos pelo cidadão paulistano, uma vez que serão necessários alguns dias para reabastecer todos os postos.

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