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Quando Fátima Aparecida de Jesus Teixeira assumiu a direção de uma escola na zona leste de São Paulo, o rio Aricanduva, que dá nome ao bairro, era o depósito de lixo oficial da vizinhança. De restos de comida até móveis usados, tudo era jogado lá. Além disso, a Escola Municipal de Educação Infantil Professora Olandya Peres Ribeiro era constantemente depredada, com pichações e arrombamentos. “A gente registrava um boletim de ocorrência por semana”, lembra Fátima. O cenário hoje é outro. Além de ensinar logo cedo para as crianças a importância da sustentabilidade, a escola se tornou uma referência para os moradores que querem cuidar do bairro – e do planeta.

Hoje, a água da chuva é utilizada para lavar áreas comuns e regar a horta, plantada e mantida pelos próprios alunos – crianças de 5 e 6 anos. Elas levam de casa todo o material reciclável – papel, plástico, óleo de cozinha usado, que é mandado para organizações parceiras. “Um morador uma vez chegou aqui com uma geladeira nas costas porque o filho dele disse que não podia jogar no rio”, conta a diretora, que providenciou o descarte correto. No ano passado, ela e as outras profissionais da escola resolveram fazer algo com o material retirado do rio. Foi aí que surgiu o Condomínio Olandya. Feito com objetos reutilizáveis, ele é um espaço onde as crianças têm também aulas de educação para o trânsito e a cidadania.

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Atitudes como essa se destacaram no Projeto Sustentabilidade, iniciativa da Editora Três, que publica ISTOÉ. Em 2011, leitores enviaram suas histórias e uma comissão julgadora escolheu, entre mais de 100, as melhores ideias. O comitê foi formado por Luiz Fernando Sá, diretor editorial adjunto da Editora Três, Ricardo Arnt, diretor de redação da revista Planeta, Rosenildo Gomes Ferreira, editor de sustentabilidade de ISTOÉ Dinheiro, e Hélio Gomes, editor de ciência e tecnologia de ISTOÉ. O projeto ambiental da escola paulistana foi vencedor na categoria Educação. Mostramos nestas páginas os outros ganhadores.

Em comum entre as atitudes que mais se destacaram, está a intuição dos seus criadores, que enxergaram oportunidades no próprio cotidiano. A arquiteta Fernanda Cunha de Athayde sempre teve o costume de trocar roupas e brinquedos de seus três filhos com as irmãs e as amigas. Em 2010, resolveu ampliar seu campo de atuação, usando o Facebook. Encontrou um programador na própria rede social. O aplicativo Dois Camelos já acumula mais de 40 mil usuários desde maio de 2011. Os internautas trocam todo tipo de coisa.

 

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“Acima de tudo, queremos que as pessoas entendam o conceito de consumo colaborativo”, diz Fernanda. “Elas não estão trocando simplesmente para se livrar de um entulho ou para se dar bem com uma troca vantajosa. O objetivo é tomar consciência deste consumo desenfreado em que vivemos e descobrir que existem alternativas”, explica a vencedora na categoria Cidadania, que vive em Curitiba.

O espírito empreendedor também impulsionou o engenheiro Welington Bortolini, de Águas Claras, no Distrito Federal. Ao trafegar entre sua cidade e a vizinha Brasília, imaginou: “Por que não substituir canaletas, bueiros e meios-fios das ruas e estradas, feitas de cimento, por peças de PVC?” A fabricação de cimento exige a extração de recursos minerais do solo, além de emitir muito carbono na atmosfera. “O PVC não depende tanto de petróleo como outros plásticos”, explica Bortolini. O engenheiro, ganhador na categoria Empreendedorismo, diz que há interesse de vários órgãos governamentais pelo produto, mas ainda depende de um investidor para fabricar as peças em série.

 

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Enquanto Bortolini busca um parceiro, o paranaense Mário Martins colhe os frutos da sua ideia. Muitos não acreditaram que seu plano poderia dar certo quando ele vendeu bens e propriedades no pequeno município de Unaí, em Minas Gerais, para investir em uma usina de lixo. O material chega em caminhões e passa por um forno que seca a mistura, eliminando o mau cheiro. A partir daí, passa por diversas esteiras, nas quais antigos catadores do lixão da cidade recolhem o que pode ser reciclado. Depois, o lixo que sobra vai para um forno de carbonização, com temperatura de até 360oC. Ele vira um pó preto, que é prensado na forma de carvão e vendido na região.

O empresário foi o vencedor na categoria Resíduos. A partir do dia 10 de abril, todo o lixo de Unaí será processado em sua usina. A fumaça e o gás eliminados no processo ainda passam por um tratamento. “Recebemos representantes do Chile, da Espanha e do Senegal que estão interessados em utilizar nosso método”, diz o empresário. As ideias dos empreendedores brasileiros começam a inspirar o resto do mundo.

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