Há algo de realmente surpreendente no trilho de avanço social do País. Depois do advento da chamada nova classe média, com a inclusão de nada menos que 25 milhões de brasileiros entre os emergentes com potencial de compra para reativar a economia, eis que surge agora a perspectiva de um incremento ainda maior dessa massa de consumidores nos próximos dois anos. Quem atesta é a Fundação Getúlio Vargas. Ela acaba de divulgar um estudo prevendo que até 2014 o Brasil contará com um total de, ao menos, 118 milhões de pessoas aptas a serem classificadas como de classe média, dada a sua condição de vida. O número é quase o dobro dos 65,8 milhões verificados em 2003. Ou seja: em pouco mais de uma década, o País conseguirá resgatar boa parte dos excluídos que, até aqui, representam a imensa maioria da população. Além disso, aponta a FGV, a quantidade de cidadãos das classes A e B crescerá proporcionalmente mais do que a da classe C. Em números, 29,3% ante 11,9% desta última, no mesmo período de 2003 a 2014. É um feito e tanto, com claros dividendos políticos para o governo. A perspectiva da Copa do Mundo, que acontece justamente em 2014, e da Olimpíada, com novos aportes de investimentos, leva a crer que o bonde não vai parar por aí. O estudo, batizado como “De Volta ao País do Futuro”, calcula em 52,1 milhões de brasileiros o número dos que subirão à classe C e em 15,7 milhões aqueles que ascenderão à classe A. Atualmente, o Brasil já conta com 150 mil pessoas listadas como “milionárias” – aquelas que possuem ao menos US$ 1 milhão líquido para gastar. Essa prosperidade aumenta na inversa proporção da quantidade de miseráveis. Pelo levantamento da FGV, a pobreza aqui segue caindo a um ritmo de 7,9% ao ano e a desigualdade de renda diminui desde dezembro de 2000. É alvissareira a ideia de o Brasil estar no prumo, prestes a alcançar um lugar de destaque entre as ditas nações desenvolvidas.