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A renegociação da dívida grega foi a maior operação deste tipo na história. Ela supera os US$ 82 bilhões do calote da Argentina em 2002. Segundo a Autoridade de Gestão da Dívida Pública (PDMA), nesta sexta-feira 95,7% de seus credores aceitaram receber menos do que os 197 bilhões de euros a que tinham direto em títulos do governo da Grécia.

A Grécia conseguiu fazer com que seus credores aceitassem receber apenas 46,5% do valor dos bônus (títulos que o governo emite para arrecadar dinheiro para o país e depois remunera a uma taxa de juros) gregos em mãos privadas. Atenas destacou que a ampla adesão permite ao governo ativar cláusulas de ação coletiva (CAC) que forçariam os credores privados que não aceitaram o plano a aderir à operação. 

O ministro das Finanças, Evangelos Venizelos, agradeceu aos investidores que se uniram à "histórica" iniciativa. "Em nome da República, quero expressar meu apreço a todos os nossos credores que apoiaram nosso ambicioso programa de reforma e ajuste, e que compartilharam os sacrifícios do povo grego neste esforço histórico", disse Venizelos em um comunicado.

O ministro informou que o prazo para os credores que compraram títulos da dívida grega sob regimes legais estrangeiros aceitem a operação foi ampliado até 23 de março. Nesta categoria, apenas 69% dos investidores aderiram ao plano.

O governo da Grécia havia alertado que desistiria da operação de troca se a resposta dos investidores privados fosse inferior a 75% da dívida, o que teria exposto o país a um default (calote) descontrolado ante a impossibilidade de enfrentar o reembolso de 14,4 bilhões de euros em títulos que vencem em 20 de março.

Com o sucesso da renegociação, a União Europeia (UE) e o Fundo Monetário Internacional (FMI) irão repassar 130 bilhões de euros para salvar o país da quebra imediata.

A Grécia tem atualmente uma dívida pública total de 350 bilhões de euros, equivalentes a 160% do Produto Interno Bruto (PIB). O conjunto de planos de ajuste, reduções da dívida e créditos deve permitir ao país reduzir a dívida a 120,5% do PIB em 2020. A operação de troca será concretizada na próxima segunda-feira para os bônus de direito grego.