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O efeito da crise econômica no mundo não foi tão intenso no Brasil, se comparado a Estados Unidos e Europa, mas refletiu no desempenho da economia interna em 2011. O Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 2,7% no ano passado, em relação ao ano imediatamente anterior, informou nesta terça-feira (6) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

No último trimestre de 2011, a economia avançou 0,3%, ante os três meses imediatamente anteriores. Em relação ao quarto trimestre de 2010, o PIB cresceu 1,4%.

O PIB é a soma de todas as riquezas produzidas no País, e reflete o comportamento da economia. Em 2010, por exemplo, a economia brasileira tinha avançado 7,5% maior crescimento em 24 anos. Ao todo, a economia movimentou R$ 4,143 trilhões em 2011. Apenas no quarto trimestre, o PIB do País totalizou R$ 1,09 trilhão.

O resultado de 2011 é o menor desde 2009, quando a economia brasileira havia apresentado retração de 0,3%, impactada pelos efeitos da forte crise que atingiu os principais mercados do mundo. O investimento, medido pela chamada Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), subiu 4,7% em 2011, e foi um dos principais fatores que seguraram a economia em alta, ainda que de forma menos intensa do que no ano anterior.

O consumo das famílias também se manteve em alta. Desta vez, subiu 4,1%, e segue sendo um dos pilares da expansão econômica brasileira. A indústria, por outro lado, foi a que mais sentiu o impacto na economia global. Teve expansão de 1,6%, a menor entre os principais setores responsáveis pela oferta. A agropecuária, que vinha em baixa nos anos anteriores, teve desempenho 3,9% superior na comparação com 2010. Já o setor de serviços apresentou incremento de 2,7%.

Agropecuária X indústria

Na comparação com o quarto trimestre de 2010, a agropecuária teve a maior alta, de 8,4%, seguida dos serviços (1,4%), enquanto a indústria (-0,4%) registrou queda, diz o IBGE. No ano de 2011, em relação a 2010, a agropecuária subiu 3,9% seguida dos serviços (2,7%) e indústria (1,6%).

Conforme o instituto, a alta taxa da agropecuária (8,4%) pode ser explicada pelo aumento da produtividade e pelo desempenho de alguns produtos da lavoura que possuem safra relevante no trimestre, como o fumo (22,0%), mandioca (7,3%), feijão (10,9%) e laranja (2,8%), e pelo crescimento na produtividade.

A variação negativa da indústria foi puxada pela queda de 3,1% na indústria de transformação, influenciado, principalmente, pela redução da produção de têxteis, artigos do vestuário, calçados e máquinas e equipamentos. As demais atividades do setor apresentaram crescimento como extrativa mineral (3,8%), construção civil (3,1%) e eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana (3,0%).

Esforço para otimismo

O recuo do crescimento em 2011, quando comparado com o ano anterior, veio sobretudo da crise internacional, cujo epicentro está na zona do euro, mas também pelo esforço do governo entre o final de 2010 até meados de 2011 para esfriar a economia, que estava aquecida e pressionava a inflação.

Em dezembro de 2010, o governo anunciou medidas macroprudenciais que desestimularam o consumo e em janeiro do ano passado começou um processo de elevação da Selic que somou 1,75 ponto percentual e a levou a 12,5% ao ano em julho.

Com a piora do cenário externo, o governo fez uma volta de 180 graus e passou a estimular a economia novamente voltando a reduzir o juro básico da economia, entre outras medidas. Hoje, a Selic está em 10,50% ao ano. Na quarta-feira, o Comitê de Política Monetária do Banco Central se reúne e a expectativa é de um corte de pelo menos 0,5 ponto percentual.

Apesar do resultado mais fraco do que o governo esperava, ele já tem na ponta da língua o discurso para impedir que o otimismo diminua: o argumento de que a economia já apresenta um desempenho ascendente e dará sinais de atividade mais robusta a partir do final do segundo trimestre.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, mostram o discurso afiado nessa tese, argumentando que o país vai inclusive crescer mais no segundo semestre. "É uma trajetória de aceleração da economia, um pouco mais moderada no primeiro semestre e uma boa acelerada no segundo semestre. No segundo semestre devemos estar com um crescimento acima de 5%", chegou a afirmar Mantega em meados de fevereiro.