02/03/2012 - 21:00
GARIMPO
Cerca de 20 mil peças foram catalogadas
durante os três anos de pesquisas para o livro
Ao cuidar da edição nacional do livro “A História do Design Gráfico”, obra considerada a “Bíblia” do gênero, a pesquisadora Elaine Ramos percebeu que não havia uma linha sequer sobre a produção brasileira na área. A lacuna devia-se à ausência de uma publicação que mostrasse a qualidade de nossos artistas gráficos ao mundo. Assim surgiu a ideia da obra “Linha do Tempo do Design Gráfico no Brasil” (CosacNaify), o maior esforço de catalogação dessa atividade feito até agora no País. Em mais de 700 páginas, o volume compila a evolução do traço brasileiro desde o século XIX, mais precisamente a partir de 1808, quando a família real portuguesa trouxe na bagagem as primeiras máquinas tipográficas para o Brasil.
Dividido em décadas, o mapeamento reúne reproduções de cerca de 1,5 mil impressos, como jornais, pôsteres, logotipos e capas de revistas, discos e livros. Elaine e seu parceiro na empreitada, o designer e professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP Chico Homem de Melo, garimparam esse material em sebos, editoras e arquivos durante três anos. Entre as muitas raridades aparecem revistas da década de 1920, como “O Cruzeiro”, “Ariel” e a “Pra Você”, editada por Manuel Bandeira. “Tinha notícia dessas publicações modernistas, mas nunca havia pego uma delas. Eram revistas díspares, já que a “Ariel” tinha pouca tiragem e a “O Cruzeiro”, já naquela época, era produzida para a massa. O acabamento visual de ambas é impressionante”, diz Homem de Melo. A pretensão dos autores não foi fazer uma obra analítica, mas traçar um panorama abrangente da evolução do design brasileiro. Além do trabalho de pesquisa, quando foram catalogadas mais de 20 mil peças, a grande dificuldade recaiu na identificação de autoria e no estabelecimento das datas de produção de algumas obras, muitas creditadas erroneamente: “O design tem um caráter temporário, é quase descartável. É importante resgatá-lo, especialmente os trabalhos feitos há mais de 50 anos”, diz ele.
