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Projetos de Speer despertaram o interesse de Josef Stalin e Benito Mussolini

Na cúpula do III Reich, existia um alto funcionário que nunca foi alvo dos gritos autoritários do ditador Adolf Hitler. Seu trabalho era sempre aprovado e não era menos prioritário nas ambições nazistas: a transformação de Berlim em uma cidade imperial. O nome dele era Albert Speer, arquiteto que cuidou dos projetos megalômanos de Hitler inspirados nas edificações das cidades gregas e romanas. Desde a sua filiação ao partido nacional socialista, em 1931, até a morte do führer, foram 14 anos de convivência contados em detalhes no livro “Conversas com Albert Speer” (Nova Fronteira), compilação de entrevistas dadas pelo arquiteto ao especialista em nazismo Joachim Fest entre 1966 e 1981, ano da morte de Speer. “Seguidas vezes Hitler afirmou que nada lembrava mais os grandes períodos da história do que suas edificações”, diz ele sobre o gosto arquitetônico do ditador.

Alguns dos projetos de Speer saíram do papel, como a Chancelaria do Reich, que funciona até hoje em Berlim. Outros, que faziam parte da Welthauptstadt Germania – a “capital do mundo” sonhada por Hitler – ficaram nas maquetes. Caso da avenida inspirada na parisiense Champs-Elysées, que teria cinco quilômetros de extensão e culminaria em um arco de triunfo com o dobro do tamanho do original francês. Nessa via ficaria também o Volkshalle, pavilhão com linhas copiadas do Panteão de Roma – só que, naturalmente, muito maior. “Quando estive na Basílica de São Pedro, a estrutura e a famosa coluna de Bernini me impactaram por parecerem minúsculas diante dos projetos para Berlim e Nuremberg”, conta Speer a Fest. “Por alguns instantes me perguntei se não tínhamos ido longe demais.”

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CONVERSAS
Livro sintetiza 15 anos de encontros entre o autor e o nazista

A fama de Speer não ficou restrita à Alemanha: Josef Stalin e Benito Mussolini o procuraram para projetar construções em seus países, o que despertou ciúmes no ditador alemão. Foi quando presenciou um dos raros “acessos de raiva” do führer. Considerado um “bom nazista” (conceito discutível), o arquiteto foi um dos poucos que escaparam da pena de morte, sendo condenado a 20 anos de prisão. O mistério do abrandamento de sua pena é explicado no livro, mas de forma não muito convincente. Ele teria justificado que seu compromisso com a construção civil estava acima da ideologia. E o júri engoliu.

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