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O incêndio que atingiu a Estação Antártica Comandante Ferraz pode ter sido um acidente, mas é simbólico de uma crise no Programa Antártico Brasileiro (Proantar), diz Jefferson Simões, diretor do Centro Polar e Climático da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, maior referência da ciência brasileira na Antártida.

Outros sintomas, diz ele, são o fato de o Navio de Apoio Oceanográfico Ary Rongel – essencial às operações no continente gelado – estar quebrado há quase dois meses, no porto de Punta Arenas (Chile), e a barca cheia de combustível que afundou perto da base em dezembro, conforme noticiado ontem pelo Estado.

"Tudo isso ocorre num momento crítico do Proantar, em que estamos justamente fazendo uma reanálise estratégica de todo o programa", disse Simões.

O número de pessoas na estação (60 no total, segundo apurou o Estado), é uma questão preocupante, segundo Simões. O número máximo, segundo ele, deveria ser 40. "Quando você começa a colocar muita gente, começa a estressar o sistema. É algo que vai passar pelo crivo da nossa avaliação, e o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) está ciente disso."

As condições de manutenção da base, segundo Simões, eram satisfatórias, "mas estão muito longe do ideal".

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Um problema crônico da atuação do Brasil na Antártida, segundo ele, é a falta de estabilidade orçamentária do Proantar. O montante, segundo Simões, oscila entre R$ 5 milhões e R$ 10 milhões por ano. O relatório de avaliação deve ser concluído em março ou abril e entregue ao MCTI.


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