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SEM RESTRIÇÕES Soldados cubanos em Havana, após a derrubada do veto à ilha

Mais um passo foi dado rumo ao fim do embargo econômico a Cuba nos últimos 47 anos. Falta, no entanto, a ilha de Fidel Castro fazer sua parte. O veto de quase meio século à participação de Cuba na Organização dos Estados Americanos (OEA) deixou de existir na quarta-feira 3. A revogação foi aprovada em Honduras, durante reunião dos 34 países-membros da OEA, um organismo criado em 1948 com a meta de defender os interesses do continente americano.

Quatorze anos depois, por pressão dos Estados Unidos, Cuba foi suspensa da organização, por causa de seu alinhamento com o bloco da extinta União Soviética. "O povo cubano resistiu com estoicismo e esta é uma retificação necessária", afirmou o presidente hondurenho, Manuel Zelaya, anfitrião da Assembleia Geral da OEA. Os dirigentes da ilha receberam a medida com desdém, embora, em comunicado oficial, a tenham considerado como uma "retificação histórica".

No mesmo documento, garantem que não estão dispostos a voltar à OEA: "Cuba não pediu nem quer retornar à OEA, cheia de uma história tenebrosa e entreguista, mas reconhece o valor político, o simbolismo e a rebeldia que entranham essa decisão impulsionada pelos governos populares da América Latina." A reação cubana não chegou a surpreender a comunidade internacional. Fidel Castro, que está afastado do poder há três anos, já se pronunciara contra o retorno da ilha à OEA e classificara a organização como um "instrumento" de Washington.

Em Honduras, no entanto, a derrubada do veto a Cuba foi precedida por uma queda de braço entre um grupo liderado pelos Estados Unidos e outro composto pelos chamados países bolivarianos (Venezuela, Bolívia, Equador e Nicarágua).

O primeiro grupo queria condicionar a volta de Cuba a mudanças imediatas no regime da ilha, enquanto o segundo defendia posições opostas. O Brasil, por meio do chanceler Celso Amorim, mediou o consenso, convencendo os Estados Unidos de que a decisão favorável a Cuba também atende a interesses do governo Barack Obama, ao reabilitar a OEA diante dos países latino-americanos. Em 1962, o Brasil se absteve na votação, mas, nos bastidores, o Itamaraty trabalhou intensamente para expulsar Cuba da OEA.