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A ministra Dilma Rousseff nasceu como candidata-rolha à sucessão de Lula na Presidência da República. Era um nome-tampão para evitar a antecipação do debate eleitoral, para barrar a ocupação do espaço pela oposição e para estancar a luta sanguinária que se precipitava dentro do PT por uma opção de seus quadros. O capital de popularidade emprestado pelo presidente Lula, os resultados do PAC e a natural visibilidade que sua figura ganhou na mídia a partir da presença constante em eventos oficiais converteram Dilma numa candidata de fato.

Vencido esse primeiro desafio de sacramentar seu nome, ela começou a encarar uma nova e gigantesca tarefa pela frente: a sua transformação numa espécie de Lula de saias, à imagem e semelhança do mestre. Para tanto, a batalha estava a exigir um conjunto de aptidões nada fácil de incorporar. Entre elas, saber falar com o povo dizendo o que ele quer ouvir, ser mais simpática e estar pronta para um tête-à-tête sagaz com adversários. Conseguiu? Ainda não. Como Lula de saias, Dilma não chega à bainha. Mas já dá para fazer bonito.

As últimas pesquisas sinalizam um avanço rápido e consistente da ministra-candidata. A julgar pelo resultado, parece que a população avaliou que a doença de alguma forma humanizou a ministra, mudou sua postura e afastou dela aquela imagem preconcebida da mulher fria e inabalável. Ponto a favor de seu intento. Os eleitores se identificaram com a nova Dilma, seja por sua disposição para encarar de frente os reveses da vida, seja por mera comoção e solidariedade, seja até pelo figurino novo, mais feminino, que adotou nos últimos tempos.

O fato é que muitos eleitores compraram o nome da ministra e essa alavancagem na sua candidatura trouxe efeitos colaterais na oposição, que está se sacudindo como pode. O natural candidato tucano, José Serra – de saída, seu maior adversário, ainda líder na corrida presidencial -, está diante de um dilema. Seus aliados estimam que ele tenha oito anos de vida política pela frente. Poderá gastar quatro com uma reeleição garantida para governador e levar o título de maior alcaide do Estado de São Paulo – afinal, tem diante dele mais de R$ 20 bilhões em caixa e um fantástico calendário de obras a tocar que inclui três viadutos, quatro pontes e 23 quilômetros de pista das marginais.

Se cumprida a promessa que lançou, fará história. A alternativa é jogar fora esse capital pelo seu sonho antigo de virar presidente. Mas a sombra de Dilma começa a assustá-lo – senão nas noites de insônia, ao menos nos dias de campanha.