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IMAGENS O paciente enfrenta situações de risco virtuais iguais às da vida real

Que tal se livrar daquela tontura ou náusea sentidas assim que o elevador entra em movimento, por exemplo, com um tratamento baseado em sessões especiais de realidade virtual? A estratégia é o mais recente recurso adotado por um grupo de especialistas para tratar o sintoma. Ele é um alerta seguro de que algo não vai bem no labirinto, a parte do ouvido que regula o equilíbrio. Cerca de 85% dos casos de desequilíbrio e de tontura são originados por alterações no funcionamento dessa estrutura.

E são várias as circunstâncias que podem afetá-la. Uma delas é a ocorrência de inflamação ou infecção. Neste caso, o problema é chamado de labirintite. "Em todas as situações, a reabilitação virtual pode ser útil", diz o otorrinolaringologista Maurício Ganança, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e da Universidade Bandeirante (Uniban). Nessas instituições funcionam dois dos três aparelhos de realidade virtual desenhados com essa finalidade instalados no País.

O equipamento associa óculos em que são projetadas imagens tridimensionais, uma plataforma de apoio para os pés (com sensores de movimentos) e cintos de segurança para braços, tórax e pernas (para evitar quedas). Durante a sessão, o paciente visualiza dez situações com potencial de provocar tontura (escadas ou túneis que se movem, por exemplo) para saber qual delas mais afeta seu equilíbrio. Após a identificação, começam as sessões de reabilitação.

Elas consistem em expor o paciente a estímulos semelhantes aos da vida real que levam ao sintoma. "O objetivo é fazer com que o próprio sistema que regula o equilíbrio aprenda a compensar isso, eliminando o malestar", explica o otorrinolaringologista Ektor Onishi, professor de pós-graduação da Uniban.

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A diferença que a chegada da realidade virtual pode fazer no tratamento das tonturas ainda não está clara. As pesquisas existentes documentam que ela é eficaz, mas ainda não há dados para concluir em quais casos o seu desempenho pode ser superior aos exercícios de reabilitação convencionais. Por isso, a terapia virtual tem sido usada de modo complementar. "Em geral, as atividades de reabilitação são sequências de movimentos com a cabeça e o corpo escolhidos de acordo com as alterações de cada paciente", explica a fisioterapeuta Juliana Gazzola, que trabalha com os dois métodos. Junto com a fisioterapeuta Flávia Doná, ela ministra sessões de reabilitação virtual a cerca de 140 pacientes atendidos na Unifesp e na Uniban.

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Os voluntários participam de um estudo em andamento há dois anos para avaliar as respostas ao método em comparação com pessoas que fazem apenas os exercícios tradicionais. "Dados obtidos até o momento sugerem que a realidade virtual é útil no diagnóstico, no tratamento e promove uma redução nas quedas, especialmente de idosos, durante as sessões", afirma Ganança. O recurso tecnológico também aumenta a adesão ao tratamento, pois torna a reabilitação mais divertida.


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