A bola ainda não rolou na Copa 2006, mas já existe pelo menos um grande problema a ser resolvido para o Mundial de 2010. Ao contrário do que poderiam imaginar alguns, não é cedo para enfrentá-lo. Ganhe ou não a disputa na Alemanha, o Brasil deverá voltar sem técnico. Campeão mundial em 1994 e com grandes chances de conquistar o bi, Carlos Alberto Parreira, parece certo, deixará por decisão própria o comando da Seleção Brasileira, junto com o diretor técnico, Zagallo. E aí o circo pegará fogo. Quem assumirá o seu lugar? Nos últimos dias, essa discussão esquentou nos bastidores. O preferido do presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, dizem, seria Vanderlei Luxemburgo, tido como um dos melhores – muitas vezes citado como o melhor – treinadores do País. “Só que, pessoalmente, é muito vaidoso, complicado”, analisa Paulo Vinicius Coelho, estudioso do futebol e comentarista da ESPN-Brasil. Um exemplo: ele assumiu na Espanha o Real Madrid, a equipe mais estrelada do futebol. Quis dar uma de bacana no meio de vinte e tantos bacanas de verdade – Ronaldo Fenômeno, o inglês David Beckham e o francês Zinedine Zidane entre eles – e perdeu a parada. Está no Santos, disposto, segundo diz, a cumprir seu contrato até o final de 2007 e depois voltar à Europa – a menos, é claro, que seja chamado para dirigir a Seleção.

Parreira só ficaria se fosse na direção técnica, ocupada hoje por seu amigo Zagallo. Nos últimos dias, deu
sinais de que, se assumir a nova função, gostaria de ver na vaga de técnico o carioca Paulo Autuori, que deixou o São Paulo no final do ano passado como campeão mundial de clubes e foi dirigir o Kashima Antlers, do Japão. “Os dois têm muitas coisas em comum, a começar pelo fato de nunca terem sido jogadores”, diz Tostão, o inesquecível brasileiro, reconhecido até por crianças que nunca o viram em campo. “São cultos, educados, não agridem juízes e jogadores que erram com palavrões e não têm suas vidas restritamente tomadas pelo futebol”, completa o craque do time dos sonhos de 1970. Também tratam profissionais da imprensa com atenção. Avesso às táticas de marketing típicas de seus colegas, Autuori, como Parreira, é um cidadão do mundo. Em abril, a CBF deixou escapar o boato de que ele poderia comandar a Seleção com a saída de Parreira. Dizem que seu nome é muito elogiado por lá. A empresa MSI, parceira do Corinthians, quis trazê-lo de volta para assumir o time. Autuori confirmou a notícia, mas não topou.

E o atual técnico da seleção portuguesa, Luiz Felipe Scolari, o Felipão? Ao lado da família, o comandante campeão de 2002 está com uma vida boa em Portugal. Adaptado, pretende ficar na Europa por muitos anos, dirigindo grandes equipes e seleções de ponta. A CBF não tocou no seu nome. Os portugueses o adoram. Os jornalistas também. “Felipão e Vanderlei são opostos. O primeiro tem enorme capacidade de agregar a equipe. O segundo é egocêntrico”, opina Fernando Calazans, colunista do jornal O Globo. Além disso, o estilo centralizador e independente de Vanderlei incomoda muita gente na entidade. Apesar disso, pessoas próximas do técnico comentam que ele, para retornar à Seleção, estaria disposto até a aceitar a parceria com Parreira como diretor técnico. Emerson Leão, crítico da CBF desde 2001, quando foi demitido após a desclassificação precoce da Seleção na Copa das Confederações, tem chances praticamente nulas de retornar ao cargo. Resultado: as apostas, ao menos por enquanto, parecem ir na direção da dupla Parreira e Autuori. Mas é sempre bom prestar atenção no próximo capítulo.

Assine nossa newsletter:

Inscreva-se nas nossas newsletters e receba as principais notícias do dia em seu e-mail

Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias