A Copa 2006 será, em todos os sentidos, o maior evento esportivo de todos os tempos. Por isso, merece ser escoltada pela mais poderosa rede de tecnologia digital e transmissão de dados construída para um único evento em toda a história. A partir do dia 9 de junho, quando os donos da casa e a seleção da Costa Rica entrarem em campo para a partida inicial, 3,2 milhões de torcedores rotativos nos estádios e outros bilhões no mundo serão abastecidos por uma espetacular estrutura de tráfego de imagens em movimento, sons, fotos e arquivos de internet. Nesta Copa, símbolo da era digital, além dos tradicionais jogos exibidos ao vivo, via satélite, um outro aparato poderoso, orçado em US$ 100 milhões (R$ 215 milhões), despejará com rapidez assustadora uma avalanche de informações em revistas, jornais e centros de notícia de todos os cantos possíveis.

O sistema, estruturado pela empresa americana Avaya Inc., envolve números impressionantes. Do início ao final da competição, ele criará um trânsito virtual de 15 terabites – ou 15 trilhões de bites. Unido, um volume de informações desse porte permitiria de uma só tacada o transporte de 100 milhões de livros de 200 páginas. Isso significa uma vez e meia o total de exemplares vendidos até agora pelo escritor Paulo Coelho em todos os países onde foi lançado (66 milhões de exemplares). Pelos cálculos dos engenheiros, a chance estatística de tempo para esse colosso de bites permanecer completamente congestionado por uso simultâneo é de 0,01%, ou seja, no máximo 4,46 minutos dos 31 dias do Mundial. O suporte principal terá 200 pontos de acesso, de entradas para computadores e celulares a telefones fixos com programas especiais de conferências e transferências de chamadas. Tudo terá o suporte de dois megacentros de concentração de informações, em Frankfurt e Munique. Há ainda conexões com a sede da Fifa, na Suíça. Dessa forma, 80% das ligações dentro da rede não terão custo. Será necessária a autorização da Fifa para o acesso à rede. “Fica difícil imaginar um complexo maior para um único evento”, festeja o CEO da Avaya, Don Peterson.

Além de atender jornalistas, dirigentes da Fifa, parte da equipe de segurança e 30 mil voluntários escalados para o trabalho logístico, o complexo prestará outros serviços interessantes. Qualquer torcedor poderá conferir instantaneamente se o seu ingresso (foram vendidos 3,1 milhões deles) é verdadeiro e está registrado na Fifa. Para isso, bastará colocá-lo num dos 200 mil terminais de leitura espalhados pelas imediações do estádio e pontos estratégicos do país. “Se alguém tentar entrar com um ingresso cujo número tenha sido registrado anteriormente pelo banco central de dados, o complexo acusará no momento”, explica a gerente de marketing de produto da Avaya para o Caribe e a América Latina, Gisele Boni. Em menor dimensão, os jornalistas terão estrutura parecida para testar a validade de suas credenciais. “Se fosse de uma multinacional, esse aparato seria suficiente para atender 45 mil funcionários em vários países”, calcula Gisele. Essa empresa imaginária teria o porte de duas Avaya (20 mil funcionários) ou de quatro Varig (11 mil empregados) somadas. A Copa da era digital mostra o seu peso. E ele não é virtual.