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AFIADA Aos 48 anos, Zuzana Paulickova foi estudar em Toronto, no Canadá

Fazer as malas, partir para um país de cultura desconhecida, onde se fala uma língua estranha, se hospedar na casa de uma família que nunca viu antes. Até pouco tempo atrás, a rotina de intercambiário era bem conhecida entre os jovens. Mas, de alguns anos para cá, ela também tem feito parte da história de muita gente com 40 anos ou mais. De 2007 para 2008, cresceu em 30% a procura por cursos de intercâmbio por estudantes nessa faixa etária. "São profissionais em busca de um curso de línguas que traga resultados a curto prazo e também aposentados, interessados em conhecer culturas e fazer amizades", diz Silvia Bizatto, gerente de marketing da agência de intercâmbios EF.

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Em fevereiro, o publicitário Wilson Correa, 46 anos, soube que teria de participar de uma reunião na sede da multinacional em que trabalha, em Detroit, nos Estados Unidos. Inseguro com seu inglês, tirou 15 dias de folga antes do evento para fazer um intercâmbio. "Foi a maneira que achei para estar mais afiado", diz. Correa foi recebido por um casal de americanos de 50 anos e frequentou sete horas de aula por dia, em Grand Rapid, cidade próxima a Detroit. Além disso, praticava lendo gibis. "Tenho a impressão de que assimilei em 15 dias o que aprenderia em seis meses de curso no Brasil", diz ele, que de lá seguiu para o encontro. Resultado: fez bonito na reunião e ainda saiu para jantar com os americanos. Estudantes de 40 anos ou mais dificilmente ficam mais de um mês fora do País. "Quem tem família e trabalha, costuma aproveitar as férias", diz Luiza Vianna, gerente de produtos da CI (Central de Intercâmbio).

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QUADRINHOS Wilson Correa, 46 anos, praticou inglês nos EUA com gibis

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Muitos maduros se animam com o intercâmbio por influência dos filhos. Caso da empresária Zuzana Paulickova, 48 anos, que viajou para o Canadá na companhia da filha adolescente. No final de 2007, as duas foram a Toronto, mas ficaram em casas de família diferentes e frequentaram salas de aula distintas. "Tínhamos a preocupação de não ficar todo o tempo juntas, para não falar português demais", conta Zuzana. Com a estadia no Canadá, ela está mais segura com a língua e se prepara para exportar os produtos de sua empresa. "Meu inglês estava enferrujado", diz ela. "Foi incrível como voltou."

Antes de montar o pacote de intercâmbio, as agências buscam informações sobre a pessoa para que a experiência seja proveitosa. Viagens de um mês, por exemplo, são indicadas apenas para quem já tem conhecimento da língua, senão o aproveitamento será ínfimo.

Outra questão a ser avaliada é a hospedagem. Além de casa de família – opção mais barata e comum em 70% dos casos -,há a possibilidade de ficar em residências executivas, estudantis e flats. "A casa de família facilita o aprendizado, mas o intercambiário tem que ser flexível", diz Claudia Martins, gerente de comunicação da agência STB.

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Outra decisão a ser tomada é o tipo de curso (leia quadro). Há os convencionais de idioma e os que combinam o estudo da língua com atividades que variam de aulas de culinária e perfumaria a golfe e passeios a museus. O advogado Ademir Pavão, 55 anos, acaba de voltar de um curso de inglês combinado com aula de vela de três meses em Auckland, na Nova Zelândia. "Fazia idioma na parte da manhã e velejava toda tarde de sexta-feira", diz. Habitué, ele já foi quatro vezes para a Inglaterra e uma para o Canadá.

Não é raro encontrar pessoas com mais idade fazendo intercâmbio. É o caso da dona- de-casa Celisa Kawahisa, 81 anos. Apaixonada pela língua inglesa, ela foi para o Canadá no ano passado e vai para a África do Sul neste ano. "Já criei três filhos e tenho oito netos e dois bisnetos", diz Celisa. "Agora posso investir em mim." Ativa, gosta de conhecer a cultura dos países e de fazer amizades. "Não tem nada melhor do que viajar", acrescenta.

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COMBINADO Ademir Pavão, 55 anos, combinou curso de idioma com aulas de vela na Nova Zelândia

 

Fotos: Julia Moraes, Murillo Constantino – Ag. Istoé; divulgação