Cientistas americanos anunciaram na última semana a mais nova vitória contra o câncer de mama, doença que só neste ano deve atingir a marca de 50 mil novos casos no Brasil. Um grupo de pesquisadores coordenado pela Universidade da Califórnia descobriu um gene com papel importantíssimo na disseminação do tumor pelo resto do corpo (metástase). O SATB1, como é conhecido, opera como uma espécie de maestro do mal, modificando o funcionamento de mais de mil outros genes que, de maneiras distintas, também contribuem para que as células cancerosas migrem da mama para outros locais, como pulmão, por exemplo, agravando o estado de saúde da paciente. O trabalho está publicado na última edição da revista científica Nature, uma das mais conceituadas do mundo.

Os cientistas acreditam que a criação de uma droga que desative o funcionamento desse gene poderá representar um dos maiores avanços contra a enfermidade obtidos até agora. Afinal, nos testes realizados em laboratórios, os pesquisadores constataram que, quando o SATB1 tem sua ação inibida, o processo de proliferação do tumor é interrompido e as células metastáticas retomam seu formato normal. Além disso, testes que identifiquem sua presença poderão ser usados para apontar precocemente os pacientes com maior risco de desenvolver metástase. “Potencialmente, essa descoberta pode auxiliar tanto no tratamento como na prevenção de casos de metástase”, disse à ISTOÉ Terumi Kohwi-Shigematsu, uma das participantes do trabalho que desvendou o papel do gene no câncer de mama.

No Brasil, a notícia repercutiu entre os especialistas no tratamento da enfermidade. Na opinião do oncologista Daniel Luiz Gimenes, do Hospital A. C. Camargo, em São Paulo, os achados do grupo americano são promissores. “Eles apontam um novo alvo para se combater. E isso é muito importante para ajudar no controle da doença”, afirmou. De acordo com o brasileiro, a identificação de genes associados ao processo de metástase é uma das principais linhas de pesquisa em todo o mundo.