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AULA PRÁTICA Cristiane Pironi: olhos esfumados graças aos filmes didáticos da internet

Quando o YouTube foi ativado em 2005, ninguém imaginava o que estaria por vir. Sua popularização, em um primeiro momento, se deu graças a vídeos humorísticos postados de diferentes partes do planeta. Evoluiu ao se tornar morada de videoclipes, conteúdos de tevê e de cenas de celebridades. Hoje, uma nova febre tem dado a esse site de busca um caráter menos de entretenimento e mais de autoajuda. Como se fosse uma escola, é cada vez mais comum encontrar nele vídeos de pessoas ensinando o passo a passo de atividades como gastronomia, crochê, dança e maquiagem.

Conhecida como tutorial em vídeo, essa modalidade aumenta a chance de o espectador- aluno acertar de primeira pelo fato de a linguagem audiovisual propiciar uma maior retenção da informação. É o que atesta o publicitário Reginaldo Siqueira, apaixonado por gastronomia. "A possibilidade de a pessoa poder voltar o filme para rever uma cena faz a diferença no aprendizado", diz.

Aos 45 anos, ele fala com conhecimento de causa: aprendeu a fazer massa de macarrão assistindo a vídeos na internet, depois de experimentar insucessos de receitas que ele conheceu lendo ou assistindo em programas de tevê. Siqueira gostou tanto da ideia que, há dois meses, montou um site (www.vamoscozinhar. com.br) por meio do qual disponibiliza filmes de culinária. "Você não tem como levar um DVD de gastronomia para o balcão da cozinha. Já um laptop, sim."

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Em geral, como aconteceu com o publicitário, quem aprende pelo YouTube quer compartilhar o conhecimento. A cientista política Cristiane Pironi, 32 anos, ficou craque na arte de esfumar os olhos ao assistir às dicas que a modelo e produtora Luciana Schievano, 29, postou no buscador de vídeos.

"Tentava reproduzir o que via em fotos, mas colocava sombra demais e errava o movimento da mão", conta. Hoje, Cristiane posta filmes sobre beleza. Segundo a professora Lúcia Leão, do curso de tecnologia da inteligência e design digital da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo, além de ensinar, esses tutoriais são um chamariz para quem quer ser assistido por outras pessoas. "Essa tecnologia propicia a emergência de uma inteligência coletiva", afirma ela. E também gera dividendos.