A febre do MSN, o software de comunicação instantânea da Microsoft, atinge 16 milhões de usuários no Brasil. Junto a ela, alastra-se a preocupação com os prejuízos causados pelo excesso de tempo gasto com os bate-papos virtuais em ambientes de trabalho e estudo. Em várias empresas, o uso do MSN tem sido controlado. Em outras, foi simplesmente proibido. Isso acontece em gigantes como Petrobras, mas também em pequenas. “No ano passado, notamos uma queda na produção. Uma consultoria de RH detectou que o MSN estava diminuindo a atenção no trabalho e resolvemos proibir”, conta o carioca Bernardo Coutinho, sócio do site Riofesta.com.br. O consultor Paulo Roberto Oliveira, da empresa paulista Uppernet, especializada em administração de redes de computadores, justifica a procura dos empresários. “Quando não há controle, até 15% do tempo de trabalho é utilizado para fins não ligados ao negócio”, conta.

Na educação, os cuidados são parecidos. Muitas escolas e faculdades vetaram o acesso ao MSN em suas dependências para manter os alunos atentos. Foi o que aconteceu no tradicional Colégio Santo Inácio, do Rio de Janeiro. “Bloqueamos por motivos educativos e de segurança”, explica Eduardo Monteiro, assessor do colégio. Resta aos estudantes aproveitar o tempo em que ficam em casa. A universitária Priscilla Piffer, 19 anos, por exemplo, começa a bater papo pelo computador às 13 horas, quando chega da faculdade, e segue online até as 23 horas todos os dias. Uma vez, teclou 18 horas seguidas. “Tentei diminuir o tempo de permanência e não consegui”, diz. A jovem reconhece que a mania atrapalhou seu rendimento no último emprego. Foi preciso que o pai a obrigasse a transferir o computador do quarto para a sala para que ela voltasse a dormir corretamente.

A psicóloga Maluh Duprat, do Núcleo de Pesquisas de Psicologia em Informática da PUC de São Paulo, diz que o problema é o exagero. “Quando alguém constata que não produziu o suficiente e que esqueceu tarefas essenciais ao mesmo tempo que dedicou longos minutos ao MSN, deve se perguntar o que está errado. Normalmente, aumenta-se o tempo gasto no MSN para compensar algo que falta na vida real”, diz. Além da disciplina, claro.


Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias