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Em março de 1969, John Lennon e Yoko Ono se deitaram na cama de um quarto de hotel em Amsterdã e abriram as portas durante 12 horas diárias, usando o leito de núpcias como plataforma para uma campanha pelo fim da Guerra do Vietnã. O gesto, anunciado como "Bed-in for Peace", tinha um nome técnico preciso: tratava-se de uma performance e foi a primeira de uma longa série. Anos depois, quando ainda reverberavam em todo o mundo, as imagens dos artistas na cama chegaram aos olhos de uma jovem do vilarejo rural de Grabs, na Suíça. Seu apelido era Pipilotti e ela tinha 14 anos. "Eu e meu namorado passamos a copiar todas as performances de Yoko e John", conta Pipilotti Rist, que apresenta em São Paulo dez obras em vídeo e uma instalação audiovisual de dimensão monumental, com curadoria de Daniela Bousso.

Quarenta anos se passaram desde o "Bed-in for Peace", mas os efeitos daquele gesto ainda são perceptíveis no trabalho dessa artista premiada, autora de mais de 50 obras audiovisuais e de um longa-metragem de ficção, recém-lançado no circuito de cinema da Suíça.

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A primeira evidência dessa "herança" está nos ambientes que ela prepara para seu público: de preferência, ambientes macios, aconchegantes e de cores fortes. "É preciso viabilizar o relaxamento dos músculos. A posição deitada facilita uma reflexão mais profunda", afirma ela. Os ambientes são as "antessalas" para a experiência sensorial de alta potência proposta pelos vídeos de Pipilotti Rist.

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No MIS, bem acomodado em redes, o espectador assiste à projeção de "A Liberty Statue for Löndön" no teto do espaço redondo do museu. "As redes estão montadas em uma grande estrutura em forma de flor. Nela, as pessoas fazem parte de um só corpo coletivo", diz a artista. Na tela, o vídeo conta a saga da personagem Pepperminta, que escapa do Éden No MIS, bem acomodado em redes, o espectador assiste à projeção de "A Liberty Statue for Löndön" no teto do espaço redondo do museu. "As redes estão montadas em uma grande estrutura em forma de flor. Nela, as pessoas fazem parte de um só corpo coletivo", diz a artista. Na tela, o vídeo conta a saga da personagem Pepperminta, que escapa do Éden.

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"A polêmica que as cores de meu trabalho geram está ligada à discussão sobre o masculino e o feminino", diz Pipilotti. "Em nossa comunidade intelectual, linhas e formas são mais importantes que cores, que são associadas ao exotismo e ao princípio feminino." O seu uso de cores cítricas é, portanto, uma atitude política, feminista. "O feminismo não se encerra nos anos 60. Levaremos muitas gerações até que as pessoas atuem mais de acordo com seu caráter do que com seu gênero." Até lá, Pipilotti Rist contribui para o debate produzindo uma obra que leva a produção audiovisual a limites extremos

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