O grafite brasileiro – é bom não confundir com pichações – saiu das paredes de nossas capitais para ganhar projeção internacional. Hoje, está incorporado à publicidade de marcas de peso, como Volkswagen, Nike e AmBev. O sintoma mais visível dessa onda é o livro Grafitti Brasil, que trata exclusivamente da produção nacional, mas foi editado apenas em inglês pela conceituada Thames & Hudson, de Londres. Além disso, fazem sucesso os trabalhos de vários desses desenhistas, entre eles os irmãos Otávio e Gustavo Pandolfo, 31 anos, conhecidos como Os Gêmeos. Os dois foram convocados pela Nike para participar do projeto Brasil – o Ritmo e Arte do Movimento, que passou por Nova York, Milão, Paris, Londres, Tóquio, Los Angeles e Hong Kong. A função da dupla era dar cor a grandes instalações exibidas em todos os eventos da empresa. “Eram casinhas móveis grafitadas com algo que tivesse a ver com o país onde estávamos”, explica Gustavo.

A dupla criou também os desenhos para uma edição limitada de tênis inspirados em grandes cidades do mundo, vendidos em lojas chiques européias a 85 euros (R$ 231). A parceria com a Nike está a todo vapor. A nova fase do projeto, intitulada Joga Bonito, conta com um grafite dos Gêmeos em Berlim – eles pintaram os craques Ronaldo e Ronaldinho em um prédio. Tão brasileira quanto o futebol, a cerveja Brahma vendida no Exterior, de sabor mais cítrico, tem campanha assinada pelo paulistano Speto, 34 anos, também autor de ilustrações para livros da editora alemã Die Gestaltel. A qualidade destes últimos trabalhos rendeu a ele um convite para participar do Projeto Fox, da Volkswagen. A campanha, lançada na Dinamarca, envolveu um time multinacional de jovens artistas, convocados para o lançamento europeu do automóvel fabricado no Brasil. Speto e seus amigos fizeram suas pinturas em vários carros. Foi um sucesso. É o grafite brasileiro se multiplicando e chamando atenção – como os autores sempre sonharam.