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No final da Segunda Guerra Mundial uma sangrenta vingança contra o Terceiro Reich nazista, comandada por judeus americanos, está em curso na França. O líder dessa ação é o tenente Aldo Raines (Brad Pitt), um não judeu do Tennessee, apreciador de beisebol e conhecido pelo apelido de "Apache". Isso por ordenar aos seus subordinados o escalpamento das vítimas.

O seu lema: "Cada homem sob o meu comando deverá me trazer 100 escalpos de oficiais nazistas." Eles formam a fictícia gangue Bastardos Inglórios, que é protagonista e dá nome ao novo filme do diretor americano Quentin Tarantino, com estreia no Brasil marcada para a sexta-feira 9. "Sei que os americanos judeus da minha geração e os mais novos estão fartos das histórias de sempre sobre o Holocausto.

Tabus existem para serem quebrados", declarou Tarantino, que traz nessa nova produção referências ao faroeste tradicional, gozações ao modo de vida americano e, especialmente, o seu humor cáustico, obscuro e incorreto. O filme já rendeu US$ 260 milhões no mundo desde a sua estreia há um mês.

O nome é inspirado numa aventura de guerra homônima (na língua inglesa) de 1978, do cineasta italiano Enzo Castellari, há referências óbvias aos "Doze Condenados", de Robert Aldrich, e a maior parte das canções do filme são composições de Ennio Morricone. No mais, tudo tem a assinatura do enfant terrible Tarantino: ação, tiros e muito sangue artificial.

E um timing apurado, também sua marca registrada, para compor um diálogo ágil e rascante que invariavelmente culmina numa saraivada de balas. Paralela à sangrenta trajetória dos Bastardos Inglórios com o objetivo de assassinar Adolf Hitler, existe a judia francesa Shoshana (Melanie Laurent), única sobrevivente da chacina de sua família, que se torna proprietária e operadora de um cinema em Paris.

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Ela encarna uma das poderosas figuras femininas da trama – cai nas graças dos oficiais nazistas, que escolhem seu espaço para a exibição de um filme produzido pelo ministro da Propaganda Joseph Goebbels sobre os feitos de um herói de guerra. O que eles não imaginam é que ela também tem sede de vingança. A caracterização de Goebbels e Hitler (Sylveter Groth e Martin Wuttke, respectivamente), propositalmente afetada, reserva passagens hilariantes.

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Afetada também está a atuação de Brad Pitt – ele incorporou ao seu personagem maneirismos, caretas e o sotaque arrastado do interior americano (lembra sua participação como o caubói vigarista de "Thelma e Louise").

Funciona como um alter ego de Tarantino, que é natural do Tennessee e tem ascendência indígena e italiana. O idioma italiano é, por sinal, o único, fora o inglês, do qual o bronco Raines/Pitt diz conhecer rudimentos. E o filme faz piada com a fama atribuída aos americanos de não dominar outras línguas, exceto a sua própria.

A espiã alemã Bridget (Diane Kruger), a outra personagem feminina chave do enredo, indaga, horrorizada: "Existe algum americano que fale outro idioma em seu país?" E é ótima a conversa travada em italiano entre um monossilábico Raines/Pitt e o sádico oficial nazista Hans Lanza (Christoph Waltz), intitulado "o caçador de judeus".

O ator poliglota Waltz (fala inglês, alemão, francês e italiano) foi premiado em Cannes pela sua interpretação, que chegou a ser comparada à magistral atuação de Peter Sellers em "Dr. Fantástico", de Stanley Kubrick, clássico sobre a Guerra Fria.

A sequência final de "Bastardos Inglórios" é uma fala do personagem de Pitt que bem poderia ser uma afirmação do próprio diretor Tarantino sobre o seu longa-metragem. Raines afirma, enquanto observa a cicatriz com o formato de uma suástica que ele acaba de fazer com a ponta de uma faca na testa de um oficial nazista: "Sabe de uma coisa? Acho que essa é a minha obra-prima."

"Eu entendo que os tabus foram feitos para serem investigados e quebrados"
Quentin Tarantino

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