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Para muitos brasileiros, o chá é sinônimo de receita contra gripe ou indisposição. Nada mais démodé. A bebida, hoje, pode ser apreciada como o vinho, o champanhe ou qualquer outra de rótulo valorizado. Com cartas exclusivas em restaurantes sofisticados, safras raras e degustações oferecidas por lojas especializadas, o mercado de luxo da bebida está em expansão. As harmonizações feitas com o segundo líquido mais tomado do mundo – atrás apenas da água – começam a ganhar status de alta gastronomia. E, aos poucos, a fama de planta medicinal dá lugar à de iguaria, a ser degustada apenas por prazer.

Também é cada vez maior a produção de blends, misturas exclusivas feitas para hotéis, restaurantes, lojas e até pessoas físicas. A argentina Inês Berton, ex-perfumista, blender e dona da marca Tealosophy, cria sabores para clientes, como a Prada, grife internacional de moda. "Chá é o luxo possível, acessível, que faz bem", arremata.

O que garante a qualidade do produto é o modo de cultivo da planta Camellia sinensis – as bebidas não derivadas dessa espécie são chamadas de infusões. Um dos mais belos chás chama-se flowering tea. Suas folhas costuradas à mão guardam uma flor que desabrocha em contato com a água. A tradição do café e o clima tropical afastaram por muito tempo os brasileiros de experiências como esta. Mas a valorização dos conceitos de vida saudável trouxe o chá ao cardápio num patamar especial. No restaurante Emiliano, em São Paulo, uma carta exclusiva feita especialmente para ele oferece 100 opções e sugestões de harmonizações, com lanches, sobremesas e até pratos principais. A empresária Maria Del Pilar Carmona, de São Paulo, usa o local e a bebida como pretexto para reunir os amigos.

"As pessoas já conhecem meu hábito e me dão chaleiras e bules. Eu adoro", conta.

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Criado na China e tradicional em países como Japão, Inglaterra e Índia, o chá pode custar até R$ 35 mil em leilões feitos fora do Brasil. Esse é o preço de 300 g da safra de 1978 do chá preto chinês pu’er. Para além das raridades, um bom exemplar da bebida é acessível, garante Carla Saueressig, proprietária da Loja do Chá, em São Paulo, uma franquia da grife alemã Tee Gschwedner. Lá se vende 50 g do Silver Nails, chá orgânico dos mais caros, por R$ 250, e a porção rende quatro litros. No Rio de Janeiro, a Casa de Cultura e Arte Julieta de Serpa oferece há seis anos um tradicional "chá das cinco" nos moldes europeus, com pães e doces finos, cinco dias por semana. A gaúcha Ana Lúcia Licks, 33 anos, frequenta o lugar com a mãe e mantém o clima em casa. "Quando reúno as amigas, opto pelo chá", diz ela.


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